Lição 9 – O Batismo a primeira ordenança da igreja

Lição 9 – O Batismo a primeira ordenança da igreja

Ao mergulharmos nas profundezas da fé cristã, nos deparamos com uma prática fundamental que ressoa através dos séculos: o BATISMO.

Esta cerimônia sagrada, que começou com João Batista, foi não apenas endossada, mas também exemplificada por Jesus Cristo e diligentemente perpetuada por seus apóstolos, consolidando-se como um pilar na estrutura da Igreja Primitiva.

A imposição das águas não é um mero ato cerimonial, mas um testemunho eloquente da fé e da devoção que delineia os contornos da comunidade cristã. Contudo, como acontece com muitas doutrinas que são tesouros da fé cristã, o Batismo não ficou imune a interpretações distorcidas e práticas equivocadas ao longo da história.

Neste cenário, emerge a necessidade premente de recorrermos às Escrituras Sagradas, permitindo que a voz autoritária da Bíblia nos guie ao entendimento puro e ao propósito genuíno que este sacramento foi destinado a servir.

A busca por uma compreensão autêntica do Batismo nos convida a uma jornada de redescoberta, onde as águas do entendimento bíblico prometem purificar nossa prática deste ato sagrado, alinhando-o com os desígnios divinos estabelecidos desde os primórdios da fé cristã.

I – PRESSUPOSTOS BÍBLICO-DOUTRINÁRIOS DO BATISMO

A compreensão do Batismo como um fundamento da fé cristã exige que mergulhemos nas águas vivas das Escrituras para explorar os alicerces bíblico-doutrinários que sustentam essa prática sagrada.

As páginas da Bíblia estão repletas de ensinamentos e exemplos que iluminam o significado e a importância desse rito, desde o batismo de Jesus nas águas do Jordão até as instruções deixadas pelos apóstolos às primeiras comunidades cristãs.

Este ato não é apenas um símbolo externo de purificação, mas um marco espiritual que denota a morte para o velho eu e o renascimento em uma nova vida em Cristo.

Portanto, é imperativo que a igreja moderna se apegue firmemente aos princípios bíblicos que moldam nossa compreensão do Batismo.

Ao fazer isso, resgatamos a riqueza e a profundidade desse sacramento, assegurando que ele permaneça um pilar inabalável da identidade cristã.

Através de um estudo diligente e oração, podemos desvendar os mistérios contidos nas Escrituras, permitindo que a verdade do Batismo conforme ensinado e vivido pelo próprio Cristo e seus seguidores inspire nossa prática e fortaleça nossa fé.

1. O Batismo visto como sacramento: a origem de um erro

Ao adentrarmos a complexa teia de interpretações que cercam o BATISMO, deparamo-nos com uma perspectiva histórica e teológica que tem polarizado a compreensão cristã ao longo dos séculos.

No coração dessa discussão jaz a concepção do Batismo como sacramento, um conceito que, embora enraizado em tradições veneráveis da igreja, carrega consigo nuances de interpretação que variam significativamente entre diferentes correntes do cristianismo.

A origem desse entendimento, atribuída a Agostinho de Hipona, um dos pilares da teologia cristã, introduziu uma dinâmica no cerne da prática batismal que merece uma investigação cuidadosa.

Agostinho, vivendo entre os séculos IV e V, propôs que o Batismo, ao ser considerado um sacramento, funcionava como um canal através do qual a graça divina era conferida ao batizando, independentemente de sua fé pessoal.

Essa visão sacramental do Batismo, portanto, eleva o rito a uma posição de mediador indispensável da graça, implicando que sua realização é essencial para a obtenção da salvação.

Tal interpretação coloca em relevo a dimensão visível do sacramento como um veículo da graça invisível de Deus, uma perspectiva que ressoa profundamente nas tradições católica e em segmentos do protestantismo histórico.

No entanto, essa compreensão enfrenta desafios significativos quando posta à luz das Escrituras e das práticas da Igreja Primitiva. A Bíblia, particularmente no Novo Testamento, apresenta o Batismo como um ato de fé consciente e voluntária, um testemunho exterior da transformação interior operada pela fé em Jesus Cristo.

Essa perspectiva bíblica sugere uma sinergia entre a fé do indivíduo e o ato batismal, contrastando com a ideia de um rito automático de transmissão de graça.

A problemática dessa visão sacramental pode, inadvertidamente, conduzir a uma certa passividade espiritual, onde a ênfase se desloca da transformação pessoal e do compromisso ativo com Cristo para a realização de um rito externo.

É aqui que surge a crítica à noção de que o Batismo seja um requisito incontornável para a salvação, uma posição que parece desconsiderar a primazia da fé pessoal e do arrependimento genuíno como fundamentos para a redenção.

A hesitação de alguns cristãos em se submeterem ao Batismo pode ser interpretada, erroneamente, como indecisão ou falta de compromisso. Contudo, em muitos casos, essa hesitação deriva de uma compreensão incompleta ou distorcida do significado e propósito do Batismo.

A educação bíblica e teológica, portanto, desempenha um papel crucial em esclarecer os fiéis, mostrando que o Batismo, mais do que um rito de passagem, é uma declaração pública de uma fé pessoal e viva em Jesus Cristo.

Em suma, enquanto o debate sobre o caráter sacramental do Batismo e seu papel na salvação persiste, é vital que a igreja se esforce por uma compreensão equilibrada e biblicamente fundamentada dessa prática.

Tal abordagem não apenas honra a riqueza da tradição cristã, mas também reafirma o Batismo como uma expressão da graça divina que acompanha a fé genuína, incentivando assim uma participação consciente e significativa no corpo de Cristo.

2. O Batismo não é sacramento, mas ordenança de Cristo

A concepção do BATISMO nas Escrituras Sagradas revela uma visão profundamente enraizada na obediência e no seguimento aos mandamentos de Jesus Cristo, distanciando-se categoricamente das noções sacramentais que sugerem um rito capaz de conferir graça de forma autônoma.

Nas palavras de Cristo, conforme registrado no Evangelho de Mateus 28:19, o mandato é claro:

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

Este versículo-chave não apenas comissiona os seguidores de Cristo a propagar o Evangelho, mas também estabelece o Batismo como uma ordenança divina, um ato de obediência que segue a aceitação da graça salvífica de Deus.

Essa distinção é crucial para entender a natureza do Batismo à luz da fé cristã. Ao contrário da concepção de sacramentos, que podem carregar a conotação de ritos que operam ex opere operato, ou seja, tendo eficácia em si mesmos independentemente da fé da pessoa, o Batismo como ordenança aponta para uma realidade espiritual diferente.

Ele é um ato simbólico de identificação com a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo, refletindo uma transformação interior já ocorrida pela graça através da fé.

Este entendimento ressalta que o Batismo não possui em si um “poder mágico” capaz de transmitir graça para a salvação. A graça salvífica é um dom imerecido de Deus, acessível pela fé em Jesus Cristo, antes e independentemente do ato batismal.

Portanto, o Batismo é uma resposta ao dom da salvação, uma manifestação externa de uma realidade interna: a conversão e a nova vida em Cristo. Ele é uma ordenança que celebra e declara publicamente a fé e a entrada do crente na comunidade de fé, a Igreja.

Além disso, ao designar o Batismo como ordenança, enfatiza-se a importância da obediência consciente e voluntária ao mandamento de Cristo.

Este ato de obediência é um passo de fé que o crente dá após ter recebido a graça de Deus, marcando o início de uma jornada de discipulado e compromisso com o corpo de Cristo, a Igreja. É uma afirmação pública da aliança do crente com Deus, sinalizando sua morte para o pecado e sua ressurreição para uma nova vida em Cristo.

Portanto, o ensino bíblico sobre o Batismo como uma ordenança de Cristo reforça a primazia da fé e da graça no processo da salvação, deslocando o foco de qualquer concepção que atribua ao rito uma eficácia salvífica intrínseca.

Essa compreensão alinha-se com a mensagem central do Evangelho, que é a salvação pela graça, através da fé em Jesus Cristo, e não por obras, para que ninguém se glorie, conforme ensinado em Efésios 2:8-9.

O Batismo, portanto, serve como um testemunho eloquente da graça que já foi recebida, um ato de adoração e submissão ao senhorio de Cristo, celebrando a nova vida que nasce da fé verdadeira.

3. O Batismo deve ser administrado aos adultos

A prática do BATISMO segundo os ensinamentos bíblicos destaca a importância da fé consciente e da decisão pessoal no ato batismal.

A tradição de batizar bebês, originada em interpretações como as de Agostinho, que ligava o batismo ao conceito de remissão do pecado original, diverge significativamente da ênfase bíblica na fé pessoal e na conversão como pré-requisitos para o batismo.

Agostinho acreditava que, devido ao pecado original, até mesmo os recém-nascidos necessitariam do batismo para a salvação, uma visão que contrasta com os ensinamentos de Jesus sobre as crianças e o Reino de Deus.

Jesus expressou uma atitude acolhedora para com as crianças, instruindo os adultos a permitirem que elas se aproximassem dele, enfatizando que “dos tais é o Reino dos céus” (Mateus 19:14), sem mencionar a necessidade de batismo para sua salvação.

Este entendimento ressalta que o Batismo é um ato de fé e obediência que pressupõe uma compreensão pessoal e uma decisão consciente de seguir Cristo. Em Marcos 16:16, Jesus estabelece claramente a fé como condição para o batismo:

Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

Essa instrução aponta para a necessidade de uma crença pessoal, algo que está além da capacidade de bebês e crianças pequenas, que ainda não alcançaram a idade da razão e, portanto, não podem exercer fé consciente ou compreender o significado do batismo.

Dessa forma, o Batismo de adultos — ou de jovens e crianças que tenham alcançado um nível de maturidade suficiente para entender e crer no evangelho — está mais alinhado com o padrão bíblico.

Este ato simboliza a morte para o pecado, o sepultamento do velho eu e a ressurreição para uma nova vida em Cristo, refletindo uma transformação interna já ocorrida pelo arrependimento e pela fé.

O batismo, portanto, é mais do que um rito de passagem; é uma declaração pública de fé e um passo de obediência ao comando de Cristo, realizado por aqueles que conscientemente decidem seguir o caminho do discipulado.

A prática de batizar somente aqueles que expressam fé pessoal reforça o princípio bíblico de que a salvação é um ato de graça recebido pela fé, não por rituais ou obras.

Além disso, ressalta a importância da instrução e do discipulado na comunidade de fé, preparando o indivíduo para entender plenamente o compromisso que está assumindo ao ser batizado.

Assim, a igreja cumpre seu papel de guardiã dos ensinamentos de Cristo, administrando o Batismo de maneira que honre tanto o mandamento de Jesus quanto a jornada espiritual individual de cada crente.

Confira a lição anterior: Lição 8 – A disciplina na igreja

II – O SÍMBOLO E O PROPÓSITO DO BATISMO

O BATISMO serve não apenas como um mandamento a ser obedecido, mas também como um profundo símbolo espiritual e um marco decisivo na jornada de fé de um crente.

Este rito sagrado é imbuido de significado, representando a morte do velho eu, sepultado nas águas, e o renascimento para uma nova vida em Cristo.

Ao mergulhar nas águas batismais, o crente publicamente declara sua união com Jesus na Sua morte e ressurreição, evidenciando uma transformação interna e o compromisso de seguir os passos do Mestre.

Além disso, o BATISMO é um poderoso ato de identificação com a comunidade de fé, a Igreja, significando a aceitação e o acolhimento do batizado em seu seio.

Como um rito de iniciação, ele sela a entrada do novo crente na família de Deus, fortalecendo os laços de comunhão e pertencimento.

Este ato simbólico carrega um propósito divino, enfatizando não somente a purificação e renovação espiritual, mas também a adesão a uma vida de discipulado e serviço sob os ensinamentos de Cristo.

1. Símbolo do Batismo

O BATISMO por imersão é um ato profundamente simbólico que reflete a essência do caminho cristão: a união íntima e pessoal com Jesus Cristo, em Sua morte, sepultamento e ressurreição.

Esta prática, tão ricamente descrita pelo apóstolo Paulo, não é meramente um ritual externo, mas um poderoso ato de fé que declara a transformação interna do crente.

Ao ser imerso nas águas, o crente reencena simbolicamente a morte de Cristo; ao emergir, celebra a Sua ressurreição. Esta cerimônia visível serve como uma representação vívida da jornada espiritual de abandonar a antiga vida de pecado e renascer em uma nova vida de retidão e pureza em Cristo.

Paulo, em suas cartas aos Romanos e aos Colossenses, esclarece a natureza simbólica do BATISMO, enfatizando que o ato de ser batizado é uma declaração de fé no poder de Deus, que ressuscitou Jesus dentre os mortos.

Este ato não é apenas um momento de celebração individual, mas também uma proclamação pública da fé do crente e de sua decisão de seguir Cristo.

O BATISMO simboliza a morte para o mundo e o renascimento para o Reino de Deus, onde o antigo eu, com suas práticas e desejos, é deixado para trás, e uma nova criatura surge, pronta para viver segundo os valores do Evangelho.

Este simbolismo bíblico do BATISMO ressalta a importância da imersão como método de batismo, pois captura de forma mais completa e expressiva a experiência da morte e ressurreição. Ao submergir totalmente na água, o crente se identifica com o sepultamento de Cristo; ao sair das águas, celebra a nova vida, assim como Cristo foi ressuscitado pelo poder de Deus.

Esse ato simbólico é um lembrete poderoso de que a vida cristã é marcada por um contínuo renascimento e renovação, impulsionados pela fé no poder redentor de Deus.

Além de simbolizar a transformação pessoal, o BATISMO fortalece o senso de comunidade e pertencimento à família de Deus. Ao participar deste rito, o crente é publicamente recebido na comunidade dos seguidores de Cristo, unindo-se a uma longa tradição de fé que transcende culturas, gerações e fronteiras geográficas.

Este ato de fé não é apenas uma afirmação pessoal, mas um testemunho da graça de Deus atuando na vida dos indivíduos, convidando-os a fazer parte de uma história maior de redenção e esperança.

Portanto, o BATISMO é muito mais do que um simples rito de iniciação cristã; é uma experiência espiritual profunda que marca o início de uma nova jornada de fé, obediência e transformação em Cristo.

Ao identificar-se com a morte e ressurreição de Jesus através do batismo, o crente dá um passo significativo em sua caminhada espiritual, reafirmando seu compromisso de viver segundo os princípios do Evangelho e de contribuir para a missão da Igreja no mundo.

Este ato simbólico serve como um lembrete constante de que a vida cristã é uma jornada de constante renovação e crescimento na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

2. O Propósito do Batismo

O BATISMO assume um papel crucial no cristianismo como um testemunho público e inequívoco da fé e da transformação interna de um indivíduo.

Esta prática não é meramente um ato privado de devoção, mas uma declaração pública de compromisso e conversão.

Quando uma pessoa decide descer às águas batismais, ela está fazendo mais do que seguir um rito religioso; está proclamando abertamente sua identificação com Cristo e sua decisão de abandonar uma vida antiga em favor de uma nova vida pautada nos ensinamentos de Jesus.

A narrativa bíblica nos Atos dos Apóstolos ilustra vividamente o BATISMO como um momento de celebração e proclamação. Por exemplo, após o sermão de Pedro no Pentecostes, muitos que ouviram a mensagem se converteram e foram batizados, marcando publicamente sua adesão à fé cristã.

Esse ato de fé não somente simbolizava sua purificação espiritual e renovação, mas também servia como um sinal visível de sua inclusão na comunidade de crentes.

Portanto, o BATISMO é uma afirmação explícita da crença e confiança no poder salvífico de Cristo, uma escolha consciente que reflete a decisão do crente de seguir Jesus e suas instruções.

Além disso, o BATISMO é um passo de obediência para os que reconhecem Jesus como Senhor e Salvador. As Escrituras são claras ao indicar que o batismo segue a conversão, como um passo de submissão e compromisso com o caminho de Cristo.

Esta ordenança é para aqueles que, após terem experimentado a graça salvadora, desejam declarar sua fé e dedicação a Jesus de maneira tangível e visível.

Assim, não é apenas um símbolo de purificação ou um ritual de passagem, mas um testemunho poderoso da obra redentora de Cristo na vida do crente.

O BATISMO, portanto, desempenha um papel vital na jornada de fé de um cristão, servindo como um momento de testemunho e proclamação. Ele é um marco significativo que marca a transição de uma vida voltada para o mundo para uma vida voltada para Deus.

Através do batismo, os crentes são chamados a viver de acordo com os valores do Evangelho, demonstrando através de suas vidas a transformação que experimentaram. É um lembrete contínuo de sua identidade em Cristo e de seu compromisso em seguir seus passos, influenciando o mundo ao redor com o amor e a verdade do Evangelho.

Assim, o BATISMO é muito mais do que um simples ato religioso; é uma manifestação pública da fé cristã, um testemunho do compromisso pessoal do crente com Jesus e com a mensagem do Evangelho.

Serve não só como uma declaração de fé, mas também como um lembrete da responsabilidade que cada cristão tem de viver de maneira que reflita a transformação e a salvação que encontraram em Cristo.

É um chamado à fidelidade, ao discipulado e à participação ativa na missão de Deus no mundo, demonstrando com a própria vida a realidade do Reino de Deus.

3. Não há espaço para indecisão

A decisão de submeter-se ao BATISMO é um momento definidor na vida de um cristão, marcando um compromisso público com a fé em Jesus Cristo.

No entanto, a hesitação em relação a este passo pode revelar uma indecisão subjacente ou uma compreensão incompleta do que o batismo verdadeiramente representa.

Essa relutância pode emergir de diversas fontes, incluindo uma percepção equivocada do batismo como um ato que exige perfeição subsequente ou, em contraste, uma consciente resistência em se comprometer plenamente com os caminhos de Cristo.

Por um lado, alguns crentes podem adiar o BATISMO devido ao medo de não conseguirem viver à altura dos padrões cristãos após o batismo. Essa preocupação, embora compreensível, reflete um mal-entendido fundamental sobre a natureza da jornada de fé.

A Bíblia enfatiza a importância de evitar o pecado, mas também reconhece a realidade da luta humana contra a tentação. O apóstolo João, em sua primeira epístola, oferece consolo e orientação para aqueles que pecam, apontando para a advocacia e a expiação de Cristo.

Da mesma forma, Paulo, na carta aos Gálatas, ensina que a vitória sobre o pecado é alcançada pelo andar no Espírito, e não por méritos humanos ou pela observância de rituais.

Por outro lado, a recusa em ser batizado pode, de fato, indicar uma falta de conversão genuína. O BATISMO carrega consigo implicações profundas, simbolizando a renúncia de uma vida voltada para o mundo e o início de uma nova existência em Cristo.

Para alguns, a relutância em se submeter ao batismo reflete um desejo de manter um “pé em dois mundos”, resistindo ao chamado para abandonar completamente as práticas e valores que contradizem o evangelho.

Esta hesitação é muitas vezes um sinal de que o indivíduo ainda não está pronto para fazer o compromisso radical que seguir a Cristo exige.

É essencial, portanto, que a igreja desempenhe seu papel na educação e no discipulado, ajudando os crentes a entenderem o verdadeiro significado e propósito do BATISMO.

Ao esclarecer que o batismo é uma declaração de fé e não uma garantia de perfeição, a igreja pode encorajar os crentes a dar este passo de obediência, confiando na graça e na misericórdia de Deus para sustentá-los em sua caminhada.

Da mesma forma, ao confrontar a realidade da fé nominal e da meia-adesão, a igreja pode desafiar os indivíduos a refletirem sinceramente sobre sua relação com Deus e o mundo, incentivando-os a um compromisso total com Cristo.

O BATISMO, portanto, não deve ser visto nem como um fim em si mesmo nem como uma garantia contra o pecado, mas como o início de uma jornada de transformação e santificação sob a orientação do Espírito Santo.

Para aqueles que estão verdadeiramente comprometidos com essa jornada, o batismo é um passo natural e desejável, um ato de fé que declara abertamente sua identidade em Cristo e sua renúncia ao mundo.

Encarar o batismo com essa perspectiva pode ajudar a dissipar as hesitações, encorajando os crentes a viverem de forma plena e autêntica sua fé em Jesus Cristo.

III – A FÓRMULA E O MÉTODO DO BATISMO

A prática do batismo, fundamental ao cristianismo, é orientada por diretrizes claras nas Escrituras, que estabelecem tanto a fórmula quanto o método a serem seguidos.

Este aspecto sacramental não apenas simboliza a morte, o sepultamento e a ressurreição com Cristo, mas também serve como um ato de obediência à ordem expressa por Jesus.

A fórmula do batismo, conforme registrada em Mateus 28:19, instrui os discípulos a batizarem “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, estabelecendo uma tríade divina que reflete a plenitude da fé cristã.

Este mandamento de Cristo não deixa dúvidas quanto à intenção e ao propósito do batismo dentro da comunidade de fé.

O método pelo qual o batismo é administrado também carrega significados profundos e distintos, refletindo as crenças teológicas da denominação ou tradição que o pratica.

Enquanto algumas tradições enfatizam o batismo por imersão como uma representação fiel do sepultamento e ressurreição com Cristo, outras podem adotar formas como a aspersão ou a efusão, com diferentes interpretações sobre sua eficácia e simbolismo.

Esse espectro de práticas evidencia a diversidade dentro do cristianismo, ao mesmo tempo que destaca a centralidade do batismo como rito de iniciação na vida da igreja, marcando a entrada do crente na comunidade dos seguidores de Cristo.

1. Fórmula trinitária do Batismo

O batismo, conforme estabelecido por Jesus Cristo na Grande Comissão, é um rito de passagem que incorpora o crente à comunidade de fé, marcando o início de sua jornada espiritual dentro do cristianismo.

Esta prática sacramental, instruída explicitamente por Cristo em Mateus 28:19, enfatiza a importância de batizar “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, introduzindo a fórmula trinitária como essencial para a validade do sacramento.

Tal instrução não é meramente ritualística; ela encerra em si uma profunda teologia que reconhece e celebra a natureza trina de Deus, um único Deus em três pessoas distintas, cada uma com seu papel e presença na obra da salvação.

Este mandato divino, ao instruir o uso da fórmula trinitária, enfatiza a integralidade da fé cristã, reconhecendo a atuação conjunta do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente.

O Pai, como o criador e sustentador; o Filho, Jesus Cristo, como o salvador que morreu e ressuscitou; e o Espírito Santo, como o consolador e guia na jornada da fé, todos participam ativamente no ato do batismo.

Esta prática simboliza, portanto, não apenas a purificação dos pecados, mas também a inclusão do crente na comunidade divina, um ato que reflete a crença na Trindade como fundamento da doutrina cristã.

Além disso, seguir a fórmula trinitária no batismo é um ato de obediência aos ensinamentos de Cristo, reafirmando o compromisso do crente com a doutrina central da fé cristã.

Esta prática reforça a identidade cristã, distinguindo-a de outras tradições religiosas que podem não reconhecer a Trindade da mesma forma. É uma afirmação pública e uma declaração de fé na Trindade, servindo como um testemunho perante a comunidade de crentes e o mundo de que o indivíduo agora faz parte da família de Deus.

O ato de batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo também serve como um lembrete constante da presença e da atuação de Deus na vida do crente.

Desde o início de sua jornada de fé, o cristão é lembrado do amor, do sacrifício e do poder transformador que emanam de cada pessoa da Trindade. Isso fortalece a compreensão de que a vida cristã é vivida na presença e sob a orientação constante do Deus trino, que oferece graça, misericórdia e direção a cada passo do caminho.

Portanto, o batismo, conforme prescrito por Jesus, é mais do que um rito de iniciação; é um ato de fé profunda que reconhece e celebra a complexidade e a beleza da natureza de Deus.

Ao seguir a fórmula trinitária, a igreja não apenas obedece a um mandato divino, mas também se alinha com uma verdade central da fé cristã, reafirmando seu compromisso com os ensinamentos fundamentais do cristianismo e fortalecendo a comunhão entre os crentes e Deus.

2. Fórmula herética do Batismo

Dentro da vasta tapeçaria do cristianismo, a uniformidade em práticas e doutrinas nem sempre é encontrada, especialmente no que diz respeito ao batismo. Uma das divergências mais notáveis relaciona-se à fórmula usada no batismo.

Enquanto a maioria das denominações cristãs adota a fórmula trinitária, conforme instruído por Jesus em Mateus 28:19, há grupos que se desviam dessa prática em favor de uma abordagem diferente, conhecida como a fórmula “em nome de Jesus” ou unicismo.

Este método, frequentemente associado a crenças modalistas, batiza os indivíduos exclusivamente “em nome de Jesus”, desviando-se da tradicional invocação trinitária do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

O unicismo, uma perspectiva teológica que nega a distinção entre as pessoas da Trindade, vê Deus manifestando-se de diferentes formas ou modos ao longo da história, ao invés de existir como três pessoas distintas e coeternas.

Portanto, ao batizar “em nome de Jesus”, os adeptos dessa doutrina acreditam estar seguindo uma interpretação mais fiel dos ensinamentos bíblicos, particularmente baseando-se em passagens do livro de Atos dos Apóstolos, como Atos 2:38 e 19:5, que mencionam o batismo em nome de Jesus.

Eles argumentam que tal prática reflete um entendimento de que a autoridade e a essência de Deus estão plenamente representadas em Jesus Cristo.

Contudo, essa interpretação é vista por muitos dentro do cristianismo tradicional como uma simplificação excessiva ou mesmo uma distorção da doutrina bíblica mais abrangente.

A fórmula trinitária, defendem, não apenas reflete a plenitude da revelação de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, mas também enfatiza a importância da relação e da comunhão entre as três pessoas da Trindade, aspectos fundamentais para a teologia e a prática cristãs.

Críticos das fórmulas heréticas, como a unicista, argumentam que tais práticas negligenciam a riqueza da doutrina trinitária e podem levar a uma compreensão empobrecida da natureza de Deus e da salvação.

Eles insistem que, ao seguir a instrução de Jesus em Mateus 28:19, a igreja não apenas se alinha com a autoridade de Cristo, mas também reconhece a profundidade da obra de Deus na criação, redenção e santificação da humanidade, uma obra que envolve todas as três pessoas da Trindade.

A questão da fórmula do batismo, portanto, não é apenas uma questão de prática ritualística, mas também reflete diferenças teológicas profundas dentro do cristianismo sobre a natureza de Deus e a maneira como Ele se relaciona com a humanidade.

Enquanto alguns veem na fórmula “em nome de Jesus” uma expressão legítima da fé cristã, para outros, a adesão estrita à fórmula trinitária permanece um componente crucial da identidade e da ortodoxia cristãs, assegurando que o batismo reflita a plenitude da revelação divina conforme entendida através das Escrituras.

3. Imersão

A prática do batismo por imersão é fortemente defendida dentro de muitas tradições cristãs como o método bíblico autêntico e original de batismo, fundamentada em vários aspectos das narrativas do Novo Testamento.

A base para essa visão encontra-se tanto na etimologia da palavra grega usada para batismo, “baptizo”, quanto em descrições específicas de batismos encontradas nos evangelhos e em outros textos do Novo Testamento.

O termo grego “baptizo” é entendido por muitos estudiosos como significando “mergulhar”, “submergir” ou “imergir”. Esta interpretação sugere que a ação de batizar envolvia uma imersão completa na água, um simbolismo que reflete a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo, conforme descrito pelo apóstolo Paulo em Romanos 6:3-4.

A imersão completa na água simboliza o sepultamento com Cristo, e emergir da água simboliza a ressurreição para uma nova vida em Cristo, uma representação poderosa da transformação espiritual que ocorre na vida do crente.

Exemplos bíblicos que apoiam a prática do batismo por imersão incluem o batismo de Jesus por João Batista. Marcos 1:10 descreve Jesus “saindo da água” após Seu batismo, uma imagem que sugere claramente que Ele foi imerso no rio Jordão.

Além disso, João 3:23 menciona que João batizava em Enom, perto de Salim, “porque havia muita água lá”, o que implica que uma quantidade substancial de água era necessária para o método de batismo que ele praticava, consistente com a imersão.

A preferência pela imersão como método de batismo reflete não apenas uma aderência às práticas bíblicas conforme interpretadas por muitas denominações, mas também serve como um ato simbólico profundo.

O batismo por imersão é visto como uma representação física e espiritual da limpeza dos pecados e da renovação da vida, conceitos centrais para a fé cristã.

Este método é frequentemente contrastado com a aspersão ou a infusão, práticas que, embora adotadas por algumas tradições cristãs, são vistas por outros como desvios das práticas do Novo Testamento.

Além disso, o batismo por imersão é frequentemente associado a uma declaração pública de fé e um compromisso consciente de seguir Jesus, sublinhando a importância da compreensão e da fé pessoal no ato do batismo.

Isso está alinhado com a visão de que o batismo é um passo de obediência para aqueles que conscientemente decidiram seguir Cristo, um ato que simboliza a morte para o pecado e a ressurreição para uma nova vida em Cristo.

Dessa forma, o batismo por imersão é defendido por muitos dentro do cristianismo como o método mais fiel às práticas do Novo Testamento, rica em simbolismo teológico e profundamente enraizado na tradição e na doutrina cristãs.

Este método não apenas reflete a fidelidade às escrituras, mas também proporciona uma experiência transformadora que marca a jornada do crente na fé cristã.

CONCLUSÃO

Na jornada de exploração do batismo cristão, abordamos diversos aspectos que sublinham sua importância, simbolismo e prática dentro da comunidade de fé.

O batismo, embora claramente distinguido como não sendo um veículo para salvação, emerge como um rito de passagem significativo e uma expressão de fé profunda para os seguidores de Cristo.

É uma prática que transcende a mera formalidade, enraizando-se firmemente na identificação do crente com a vida, morte e ressurreição de Jesus.

Ao mergulharmos nas águas batismais, não apenas seguimos um mandamento expresso por Jesus, mas também proclamamos publicamente nossa fé e compromisso com Ele.

Esse ato de obediência simboliza uma sepultura das nossas vidas passadas e um renascimento na nova vida em Cristo, marcando um momento definitivo de transformação e dedicação ao caminho que Ele estabeleceu para nós.

Portanto, o batismo em água representa uma faceta crucial da jornada cristã. Ele serve como uma afirmação pública da nossa fé, um símbolo poderoso da nossa união com Cristo e um passo obediente na nossa caminhada com Deus.

Para os crentes, o batismo é um ato sagrado que reflete a seriedade da nossa fé e o nosso desejo de seguir as palavras e os passos de Jesus, reafirmando nosso compromisso com os princípios centrais do cristianismo e solidificando nossa identidade como membros da família de Deus.

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