A fé que surpreende Jesus não veio de um discípulo, nem de um líder religioso, mas de um soldado romano — um homem acostumado com ordens, autoridade e disciplina. A história do centurião de Cafarnaum, registrada em Mateus 8:5-13 e Lucas 7:1-10, revela uma fé pura, humilde e confiante na palavra de Cristo.
O texto nos apresenta alguém que compreendeu algo profundo: Jesus não precisava estar presente fisicamente para agir. Bastava uma palavra. E essa convicção moveu o coração do Filho de Deus, levando-O a declarar: “Nem mesmo em Israel encontrei fé como esta” (Lucas 7:9).
Neste artigo, vamos mergulhar nesse encontro poderoso entre Jesus e o centurião, explorando o contexto, as lições espirituais e o impacto prático dessa fé extraordinária. Que o Espírito Santo nos ensine a viver uma fé que também surpreenda Jesus — uma fé que confia, se submete e espera Nele com total certeza.
O que você vai aprender nesse post:
A fé do centurião um exemplo que ultrapassa barreiras
A história do centurião de Cafarnaum é uma das mais admiráveis do Evangelho, porque quebra paradigmas culturais, religiosos e espirituais. O centurião era romano, ou seja, um gentio, alguém que, segundo a tradição judaica, não participava das promessas de Israel. Mesmo assim, ele reconheceu em Jesus algo que muitos dentro de Israel ainda não tinham compreendido: a autoridade divina do Filho de Deus.
Em Mateus 8:5-7, lemos que o centurião se aproximou de Jesus pedindo cura para seu servo, que estava paralítico e sofrendo terrivelmente. O detalhe mais marcante é a forma como ele se dirige ao Mestre: com respeito, fé e humildade. Mesmo sendo um homem de poder militar, ele se coloca diante de Jesus como alguém pequeno, reconhecendo sua própria limitação e o poder supremo de Cristo.
Essa atitude revela uma fé que ultrapassa as barreiras da religião e da nacionalidade. O centurião não tinha a formação espiritual de um judeu, mas possuía algo essencial: um coração sensível à verdade. Ele entendeu que a autoridade de Jesus não vinha de posição social ou força humana, mas de uma autoridade celestial — aquela que comanda tudo visível e invisível.
Assim, o centurião nos ensina que a verdadeira fé não depende da origem, da cultura ou do status, mas da disposição de reconhecer quem Jesus realmente é. Quando o coração se abre à revelação de Cristo, barreiras caem e milagres acontecem.
O contexto histórico e espiritual de Mateus 8 e Lucas 7
Para compreender plenamente a fé que surpreende Jesus, é importante olhar para o cenário em que o episódio acontece. O Evangelho de Mateus (8:5-13) e o de Lucas (7:1-10) relatam o mesmo acontecimento, mas com pequenas diferenças de perspectiva. Ambos, porém, destacam a extraordinária fé do centurião de Cafarnaum.
O centurião era um oficial romano responsável por cerca de cem soldados — um homem de posição, disciplina e autoridade dentro do Império. No entanto, ele vivia em Cafarnaum, uma cidade judaica situada na Galileia, onde Jesus realizava muitos de Seus milagres. Isso significa que o centurião estava inserido num ambiente repleto de sinais do poder de Deus, e certamente ouviu falar das curas e ensinamentos de Cristo.
Cafarnaum era conhecida como a “cidade de Jesus” (Mateus 9:1), pois ali Ele habitou por um tempo. Foi nesse contexto de intensa atividade ministerial que o centurião se destacou por sua fé. Apesar de ser estrangeiro e representante do poder romano e opressor aos olhos dos judeus, ele não se deixou endurecer pela posição ou pelas barreiras religiosas. Pelo contrário, ele se aproximou de Jesus com humildade e confiança.
Enquanto muitos religiosos questionavam a autoridade de Cristo, o centurião reconheceu nela o poder do próprio Deus. Essa inversão de papéis é notável: os que deveriam crer, duvidavam; o que era considerado “de fora”, creu. É um lembrete poderoso de que Deus não olha para títulos, mas para o coração que crê (1 Samuel 16:7).
Assim, o contexto histórico e espiritual dessa passagem nos mostra que o centurião não apenas compreendeu a autoridade de Cristo — ele se submeteu a ela. E é essa submissão voluntária que dá início ao milagre.
Um homem de autoridade que reconhece a Autoridade
Poucos entendem tanto sobre autoridade quanto um soldado. O centurião de Cafarnaum vivia sob uma estrutura rígida, onde ordens eram dadas e cumpridas sem questionamentos. Ele sabia que cada comando vinha acompanhado de poder e responsabilidade. Quando ouviu falar de Jesus, percebeu que havia diante dele uma autoridade superior, diferente de qualquer autoridade humana: a autoridade divina.
Em Mateus 8:8-9, ele declara:
Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu teto, mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade e tenho soldados sob o meu comando; digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faz isto, e ele o faz.
Essas palavras revelam uma compreensão espiritual profunda. O centurião entendeu que Jesus comanda o mundo espiritual da mesma forma que um oficial comanda seus soldados. Ele reconheceu que as doenças, as circunstâncias e até as forças do mal obedecem à voz do Filho de Deus. Essa percepção de fé foi tão pura e tão lúcida que surpreendeu o próprio Jesus, levando-O a se maravilhar.
Enquanto muitos buscavam sinais visíveis, o centurião acreditava no poder da palavra. Ele não pediu que Jesus fosse até sua casa, não exigiu provas ou toques — bastava-lhe ouvir que o Mestre havia falado. Essa é a essência da verdadeira fé: confiar na palavra de Cristo antes mesmo de ver o resultado.
A atitude do centurião nos ensina que a fé verdadeira reconhece a autoridade de Jesus sobre todas as áreas da vida — sobre a saúde, o lar, o trabalho e o futuro. Quando submetemos nossa vontade à d’Ele, declaramos com nossas ações que cremos no Seu senhorio.
Em tempos em que muitos querem exercer controle sobre tudo, o centurião nos mostra que a verdadeira grandeza está em se render Àquele que tem toda autoridade nos céus e na terra (Mateus 28:18).
A fé que surpreende Jesus
Entre tantos encontros que Jesus teve em Seu ministério, poucos O fizeram se admirar. A Bíblia diz claramente que, ao ouvir as palavras do centurião, Jesus “maravilhou-se” (Lucas 7:9). Isso é extraordinário, pois o próprio Filho de Deus — que conhece os corações e vê a fé genuína — ficou impressionado com a fé daquele homem.
O texto diz:
Ouvindo isso, Jesus admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que O seguia, disse: Digo-vos que nem mesmo em Israel encontrei fé como esta. (Lucas 7:9)
Essa declaração de Jesus é poderosa e, ao mesmo tempo, confrontadora. Entre os que conheciam as Escrituras, participavam dos cultos e esperavam o Messias, ninguém demonstrou tamanha confiança na palavra de Cristo como aquele estrangeiro. A fé do centurião não dependia de tradições ou rituais; era uma fé baseada no reconhecimento de quem Jesus é — o Senhor que tem poder absoluto.
O que surpreendeu Jesus não foi apenas a intensidade da fé, mas a simplicidade com que ela se expressou. O centurião não fez promessas, não exigiu sinais e nem pediu garantias. Ele apenas creu que uma palavra de Jesus era suficiente. Essa fé prática, direta e obediente revela o coração de alguém que entendeu que a autoridade de Cristo é ilimitada.
Hoje, essa passagem nos desafia profundamente. Quantas vezes buscamos provas antes de crer? Quantas vezes duvidamos porque não vemos resultados imediatos? A fé que surpreende Jesus continua sendo a fé que O agrada — aquela que confia sem ver, que descansa na palavra e se submete à vontade do Senhor.
Como está escrito em Hebreus 11:1:
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem.
Essa é a fé que move o coração de Deus e abre caminho para o impossível.
O milagre que aconteceu à distância
Uma das partes mais impactantes dessa narrativa é o modo como o milagre aconteceu. Jesus não precisou tocar o servo, nem visitar a casa do centurião. Bastou uma palavra. A Bíblia relata que, naquele mesmo instante em que Jesus declarou a cura, o servo foi restaurado completamente (Mateus 8:13; Lucas 7:10).
Então disse Jesus ao centurião: Vai, e seja feito conforme a tua fé. E naquela mesma hora o servo foi curado. (Mateus 8:13)
Esse é um dos momentos em que o poder da palavra de Cristo se manifesta com clareza. A distância física não é obstáculo para o poder espiritual. O centurião cria que a autoridade de Jesus transcendia o espaço e o tempo — que Sua palavra podia agir em qualquer lugar, em qualquer circunstância.
Essa fé nos ensina uma verdade essencial: Deus não está limitado às nossas condições humanas. Quando cremos, Sua palavra age de forma sobrenatural, mesmo quando não vemos, não sentimos ou não entendemos como. O centurião não precisava de explicações; ele apenas confiava.
Quantas vezes esperamos que Deus se mova do nosso jeito, exigindo sinais visíveis ou respostas imediatas? A fé do centurião nos convida a descansar na fidelidade de Cristo, sabendo que uma palavra d’Ele é suficiente para transformar qualquer situação.
Além disso, o milagre à distância também nos lembra que a oração intercessora tem poder. O centurião não pediu algo para si, mas por outro — um servo, alguém socialmente inferior. Essa atitude de amor e compaixão foi acompanhada por fé, e o resultado foi uma cura milagrosa.
O mesmo Jesus que curou à distância continua agindo hoje. Sua palavra ainda alcança corações, lares e situações que parecem impossíveis. A fé que surpreende Jesus continua disponível para todo aquele que confia n’Ele.
Lições práticas para nossa fé hoje
A história do centurião não é apenas um registro histórico — é um espelho espiritual para todos nós que desejamos viver uma fé genuína. A fé que surpreende Jesus revela princípios atemporais que continuam desafiando os cristãos a crerem além das circunstâncias.
Primeiro, aprendemos que a fé verdadeira nasce da humildade. O centurião reconheceu sua indignidade e se colocou sob a autoridade de Cristo. Em tempos em que muitos buscam reconhecimento, a fé que agrada a Deus é aquela que se curva diante da Sua grandeza. Como está escrito em Tiago 4:10:
Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltará.
Segundo, entendemos que fé e obediência caminham juntas. O centurião não apenas acreditou — ele agiu conforme sua crença, intercedendo e confiando na resposta. Da mesma forma, nossa fé se torna viva quando é acompanhada por atitudes que demonstram confiança em Deus (Tiago 2:17).
Terceiro, essa história nos ensina que a fé intercede pelos outros. O centurião buscou Jesus por causa do seu servo, e essa oração altruísta tocou o coração do Mestre. Uma fé madura sempre se volta em favor de quem sofre, reconhecendo que o poder de Cristo pode alcançar qualquer pessoa, em qualquer lugar.
Por fim, o centurião nos mostra que a fé não exige provas — ela descansa na palavra. Mesmo sem ver o milagre, ele creu. E essa confiança absoluta no caráter e na palavra de Jesus é o que o Senhor continua buscando hoje: corações que creem sem ver (João 20:29).
Portanto, a fé que surpreende Jesus é a fé que se submete, confia, intercede e permanece firme. É a fé que transforma situações e molda corações.
Fé e humildade caminham juntas
A fé que surpreende Jesus não estava separada da humildade. O centurião, mesmo sendo um homem poderoso, começou sua abordagem dizendo:
“Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu teto.” (Mateus 8:8)
Essas palavras revelam um coração quebrantado — algo raro em alguém acostumado a dar ordens e ser obedecido. O centurião compreendeu que, diante da majestade de Cristo, toda posição humana perde valor. Ele se reconheceu pequeno diante da grandeza divina, e é justamente aí que a fé floresce: quando a alma se esvazia de si mesma para depender totalmente de Deus.
A humildade é o solo fértil onde a fé cresce. Quem confia verdadeiramente no Senhor sabe que não tem méritos próprios, mas se apoia na graça e na autoridade de Cristo. Como ensina Tiago 4:6:
Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
A fé orgulhosa busca controlar; a fé humilde se entrega. O centurião não tentou impor condições, nem negociar com Deus. Ele apenas creu e se submeteu. E essa postura espiritual abriu caminho para o milagre.
Em nossos dias, precisamos resgatar essa simplicidade diante de Jesus. A verdadeira fé não é presunçosa nem teatral — é silenciosa, obediente e confiante. É a fé que diz: “Senhor, não sou digno, mas sei que uma palavra Tua é suficiente.”
Que essa mesma humildade nos conduza a uma fé viva e constante, que reconhece que tudo vem d’Ele, é sustentado por Ele e existe para Ele (Romanos 11:36).
Crer na palavra antes de ver o milagre
A fé do centurião nos ensina uma das verdades mais profundas da vida espiritual: crer na palavra antes de ver o milagre. Ele não esperou provas, sinais ou manifestações visíveis — acreditou que a simples palavra de Jesus tinha poder suficiente para transformar a realidade.
Dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado. (Mateus 8:8)
Essa declaração é o coração da história. O centurião entendeu que a autoridade de Cristo é manifestada pela Sua palavra, e que tudo o que Ele diz se cumpre. Desde a criação do mundo, Deus tem operado assim: “E disse Deus: haja luz; e houve luz” (Gênesis 1:3). O mesmo poder criador que trouxe o universo à existência agora estava atuando em favor de um servo enfermo — e o centurião creu nisso.
Crer antes de ver é o verdadeiro teste da fé. Jesus mesmo declarou em João 20:29:
Bem-aventurados os que não viram e creram.
A fé que agrada a Deus não depende de circunstâncias favoráveis, mas da confiança inabalável no caráter e na palavra do Senhor. Quando cremos antes de ver, demonstramos que nossa esperança está em Quem Deus é, e não apenas no que Ele pode fazer.
Quantas vezes deixamos de experimentar o milagre porque esperamos sentir primeiro, ver primeiro, ou entender primeiro? O centurião nos lembra que a obediência à palavra precede a manifestação do milagre. Quando confiamos, a palavra de Cristo faz o impossível acontecer — seja à distância, no silêncio, ou de maneiras que não compreendemos.
Portanto, a fé que surpreende Jesus é uma fé que ouve e crê, mesmo quando os olhos ainda não enxergam. É uma fé que descansa, sabendo que o que sai da boca do Senhor jamais volta vazio (Isaías 55:11).
Conclusão — Uma fé que move o coração de Deus
A história do centurião de Cafarnaum é mais do que um relato de cura — é um testemunho de uma fé viva, que ultrapassa barreiras culturais, religiosas e emocionais. A fé que surpreende Jesus nasceu em um coração humilde, confiante e obediente, que reconheceu a autoridade divina sem precisar ver o milagre acontecer.
Jesus não se maravilhou com a riqueza, com a posição social, nem com o conhecimento teológico daquele homem — Ele se admirou da fé. E essa mesma fé continua sendo o que move o coração de Deus hoje.
Somos chamados a viver essa mesma confiança: crer que a palavra de Cristo tem poder, que Sua autoridade é suprema e que Seu amor é suficiente para transformar qualquer situação. Quando reconhecemos quem Ele é e nos submetemos à Sua vontade, abrimos espaço para o agir sobrenatural do Senhor.
Assim como o centurião, sejamos aqueles que confiam mesmo à distância, que intercedem por outros, que se humilham diante do Mestre e que dizem com convicção:
“Senhor, basta uma palavra Tua.”
Que nossa fé — simples, sincera e perseverante — continue surpreendendo Jesus, movendo o Seu coração e revelando ao mundo o poder da Sua graça.
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