Lição 4 – Quando a criatura vale mais que o Criador

Lição 4 – Quando a criatura vale mais que o Criador

A arrogância e a falta de sabedoria do indivíduo descrente impedem que ele se aproxime da realidade divina. Com a chegada da era do pensamento revolucionário, o ser formado começou a dar mais valor à criatura do que ao Criador.

A adoração de si mesmo, o coração malicioso e a preferência pelos deleites mundanos colocaram a humanidade em oposição a Deus (2 Tm 3.4). A lição de hoje é um aviso sobre o que acontece quando Deus deixa de ser o padrão para tudo (Rm 1.18).

É crucial entender que a essência do ser humano está em relação direta com o Divino, e que o desprezo pelo Criador é, de fato, um ato de autodestruição. A humanidade precisa reconhecer a presença de Deus em sua vida, dando prioridade ao seu Criador em vez de se tornar escrava da criatura – ou seja, dos prazeres carnais que os desviam da verdade divina.

O mundo moderno e seu foco excessivo no eu, no individualismo, tendem a levar as pessoas a um estado de rebelião contra a divindade. A idolatria do ego e a paixão pelos deleites sensuais provocam uma verdadeira guerra contra o Criador.

A desconexão com o sagrado resulta em um abismo entre a criatura e o Criador, uma distância que só pode ser preenchida com a humildade e a fé.

Este é o momento para a humanidade despertar e refletir sobre as escolhas que tem feito. O alerta desta lição serve para que cada indivíduo reconsidere suas prioridades e se coloque na direção certa – a direção que leva ao Criador. Não é tarde demais para fazer essa mudança; no entanto, é preciso ter consciência da gravidade da situação quando a criatura se distancia do Criador.

O desprezo à verdade

A realidade suprema que a humanidade constantemente ignora é a verdade divina. Este desprezo pela verdade é a raiz de muitos males que permeiam nossa sociedade.

A lição a seguir ilustrará o custo alarmante dessa negligência e a necessidade urgente de reconhecer a verdade que reside no âmago de nossa existência: nossa relação com o Criador.

A impiedade e a injustiça

A descrença e a iniquidade marcam profundamente a condição humana. O conceito de “descrença”, uma tradução do termo grego asebeia, é sinônimo de irreligiosidade. Esse termo ilustra a escolha do indivíduo de viver como se Deus não fosse uma realidade presente (Sl 36.1; Jd 1.14,15).

Paralelamente, a “iniquidade”, derivada do grego adikia, significa ausência de retidão. Esse termo transmite a noção de uma pessoa que não é íntegra perante Deus e nem em relação ao próximo (2 Pe 2.15).

Ambos os conceitos desvendam o estado geral da criatura não redimida (Rm 1.18), sua adoração aos ídolos e à própria criatura (Rm 1.19-23), a corrupção e a degradação moral (Rm 1.25-32). Essas manifestações retratam a decisão deliberada do ser humano em desdenhar a verdade divina (Rm 1.19,20).

Este ataque contra o respeito a Deus e a banalização do pecado aprisionam e cauterizam a consciência humana (1 Tm 4.2). Essas ações são oriundas da recusa do homem em glorificar o Criador (Rm 1.21).

Essa recusa em glorificar o Criador é um reflexo da desorientação moral e espiritual em que se encontra a criatura. O ser humano, ao optar por se desviar de Deus, acaba por se distanciar da fonte de toda verdade e justiça. Isso resulta em uma sociedade permeada por injustiças e impiedade, onde a verdade divina é frequentemente ignorada ou distorcida.

A rejeição da verdade divina tem consequências profundas. Quando o homem decide viver como se Deus não existisse, ele não apenas rejeita a fonte de toda a vida e bondade, mas também se coloca em um estado de rebeldia contra a própria ordem da criação. Isto é o que a palavra grega asebeia ilustra: uma vida marcada pela negação de Deus.

A falta de retidão, representada pelo termo adikia, é outro reflexo dessa negação. A pessoa que não é íntegra diante de Deus e com o próximo revela um coração que se desviou da verdade e da justiça. Isso é visível nas injustiças e maldades que permeiam nossa sociedade.

Por fim, precisamos entender que tais atitudes surgem da rejeição deliberada da verdade divina. A negação de Deus e a consequente adoração a ídolos e à própria criatura é o caminho para a corrupção e a degradação moral. É a expressão mais clara da recusa em glorificar o Criador, o que resulta em uma consciência cauterizada e uma vida longe da verdade.

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A insensatez humana

A tolice humana é um fenômeno intrigante. O apóstolo Paulo reafirma que a revelação geral de Deus, manifestada através da natureza, garante que o homem possua uma compreensão sobre o Criador (Rm 1.19,20a). Assim, ninguém pode alegar ignorância quanto à realidade divina ou ao seu poder eterno (Rm 1.20b).

No entanto, mesmo estando em contato cotidiano com essa revelação, o homem perverso se recusa a glorificar a Deus ou a lhe oferecer gratidão (Rm 1.21a).

Em vez de reconhecer e respeitar o Criador, a criatura age como se não tivesse sido criada e se comporta como se fosse divina (Gn 3.5). Devido às conjecturas arrogantes do seu coração e à sua autoidolatria, tanto o seu raciocínio quanto o seu entendimento acerca da verdade se tornam vazios e inúteis (Rm 1.21b). Suas ideologias negam, distorcem e substituem a verdade de Deus pela falsidade humana.

Daí resulta a idolatria e a degradação moral (Rm 1.22-25). Essa sequência de atitudes evidencia a insensatez humana em sua forma mais pura e, por consequência, traz uma série de consequências desastrosas.

Embora a revelação geral de Deus esteja à disposição de todos por meio da natureza, a humanidade muitas vezes opta por ignorar essa verdade. Ao invés de glorificar o Criador e oferecer-lhe gratidão, muitos preferem viver como se Deus não existisse. A escolha de ignorar o Criador e, por conseguinte, se colocar no lugar de Deus é o ápice da insensatez humana.

A autoidolatria, caracterizada por especulações arrogantes e um coração voltado para si mesmo, resulta em um raciocínio e entendimento distorcidos. Esta deturpação da verdade leva a ideologias que rejeitam, corrompem e substituem a verdade de Deus pela mentira humana.

Tal insensatez não termina apenas na distorção da verdade, mas se estende à idolatria e à corrupção moral. O homem, em sua tolice, rejeita a verdade divina e adota a mentira como guia, dando espaço à idolatria e à decadência moral.

O panorama apresentado aqui é alarmante, mas serve para nos alertar sobre o caminho de degradação que a humanidade pode tomar quando se distancia de Deus. É um chamado para que cada criatura reflita sobre suas ações e decida se deseja continuar na insensatez ou voltar-se para a verdade do Criador.

O culto à criatura

A adoração à criatura é um fenômeno profundamente arraigado na condição humana caída. Ao rejeitar Deus e Seus mandamentos, os “filhos da ira” (Ef 2.3) ficam à mercê de seus desejos pecaminosos, entre os quais se encontram a impureza sexual e a degradação do próprio corpo (Rm 1.24).

Neste ponto, a Escritura reafirma a anunciada ira de Deus sobre a impiedade e a injustiça dos homens (Rm 1.18).

A decadência moral do ser humano surge de sua rebeldia contra Deus. A natureza decaída do homem troca a verdade pelo engano, optando por honrar e servir a criatura em lugar do Criador (Rm 1.25a).

Assim, na esfera religiosa, os seres criados passam a ser reverenciados; na ciência, a matéria é colocada acima de Deus; na sociedade, figuras como o artista, o atleta, o político ou o líder religioso tornam-se objetos de idolatria, em total desrespeito ao Criador, que é eternamente bendito (Rm 1.25b).

Este culto à criatura se manifesta de diversas formas. Na religião, observa-se um desvio do divino para o humano ou até mesmo o natural. Os seres criados são erroneamente reverenciados como se fossem divinos, substituindo o lugar que pertence unicamente ao Criador.

Na ciência, é comum presenciar a matéria sendo elevada acima do divino. A busca incessante por conhecimento e entendimento leva à desconsideração da realidade espiritual e da existência de Deus, levando o homem a um culto equivocado da ciência em si.

Na sociedade, o culto à criatura é ainda mais evidente. Artistas, atletas, políticos e líderes religiosos são frequentemente colocados em pedestais, tornando-se ídolos para muitos. Este tipo de idolatria é uma afronta ao Criador, que é bendito eternamente.

A troca da verdade pelo engano, a preferência em honrar e servir a criatura em vez do Criador, é uma manifestação clara da decadência moral que surge da rebelião contra Deus. A consequência desta escolha é a ira de Deus, revelada contra a impiedade e a injustiça dos homens.

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A revolução do pensamento humano

A revolução do pensamento humano é um fenômeno fascinante que tem transformado a maneira como a criatura percebe a si mesma, o mundo ao seu redor e o próprio Criador.

Essa revolução é marcada pela crescente independência do pensamento humano em relação às verdades divinas, dando lugar a novas filosofias e ideologias que colocam o ser humano no centro do universo.

Entretanto, essa transformação nem sempre conduz a um progresso positivo. Na verdade, ela pode levar a uma inversão de valores, onde a adoração ao Criador é substituída pela veneração à criatura – ao homem e suas realizações.

Este é o desafio que enfrentamos no mundo contemporâneo, uma era caracterizada por uma profunda mudança na maneira como pensamos e entendemos a nossa existência.

Renascentismo

O Renascimento, um movimento intelectual que floresceu na Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, desencadeou uma revolução no pensamento humano. Este movimento foi marcado por um profundo racionalismo, no qual se exigia que tudo tivesse uma explicação racional.

Durante este período, uma transformação notável ocorreu. A visão teocêntrica, em que Deus era a medida de todas as coisas, foi substituída por uma perspectiva antropocêntrica, em que o homem se tornava a única medida de todas as coisas.

Os renascentistas recusavam-se a acreditar em qualquer coisa que não pudesse ser comprovada racionalmente. Este viés racionalista levou à rejeição de muitos conceitos e princípios que antes eram aceitos sem questionamento. O divino foi deixado de lado em favor do humano, e a fé foi suplantada pela razão.

Em vez de ver o mundo através das lentes do Criador, os homens começaram a enxergá-lo através das lentes da criatura. Esta mudança teve implicações profundas, não apenas na forma como os indivíduos entendiam o mundo, mas também em como viviam e interagiam com ele.

Nesse contexto, surgiu a primeira onda do processo de secularização da cultura. A vida social começou a ceder espaço ao racionalismo e ao ceticismo. Aqui, observamos a propensão humana a desconfiar de tudo que não pode ser explicado de maneira lógica ou comprovada por meios empíricos.

Este ceticismo é bem ilustrado no episódio bíblico de João 20.25,29, onde Tomé se recusa a acreditar na ressurreição de Jesus até que possa vê-lo e tocá-lo por si mesmo.

Essa revolução do pensamento foi ainda mais acentuada pela revolução científica e literária que ocorreu durante o Renascimento. Este período viu o florescimento das ciências naturais e da literatura, áreas em que o ser humano demonstrou seu intelecto e criatividade sem precedentes.

Esta explosão de conhecimento e expressão contribuiu para o surgimento do Humanismo, uma corrente de pensamento que coloca o ser humano no centro do universo.

O Humanismo, como o nome sugere, colocou a humanidade, a criatura, no centro do universo. A importância de Deus foi minimizada, enquanto a capacidade do homem para raciocinar, aprender e criar foi exaltada. Este movimento teve um impacto significativo na forma como a sociedade via a religião e a divindade.

Em conclusão, a revolução do pensamento humano desencadeada pela Renascença transformou radicalmente a perspectiva da humanidade.

De uma visão teocêntrica, onde Deus era o centro, mudou-se para uma perspectiva antropocêntrica, onde o homem, a criatura, tornou-se o foco. Este período de mudança, que marcou o início da Idade Moderna, continua a ter impacto em nossa sociedade até hoje.

Humanismo

O Humanismo, que teve a Itália como seu principal centro no final do século XV, representou uma mudança monumental na maneira como o homem entendia a si mesmo e o mundo ao seu redor. Nesse novo paradigma, a ética e a moral passaram a depender do homem, não de Deus.

A criatura tornou-se a base de todos os valores, em detrimento do Criador. Em uma reviravolta, o ser criado começou a assumir um papel central, relegando o Criador a uma posição secundária ou mesmo irrelevante.

Os humanistas mergulharam profundamente no estudo da história antiga, com um interesse particular em desconstruir os livros sagrados. Este exame crítico dos textos antigos refletiu sua crença na primazia da razão humana sobre a revelação divina.

Acreditavam que, ao questionar e reinterpretar esses textos, poderiam chegar a um entendimento mais preciso e enriquecedor da humanidade e do mundo.

No entanto, apesar desses aspectos potencialmente perturbadores, o humanismo também teve seu lado positivo. De fato, o movimento é notável por sua valorização dos direitos do indivíduo. Esta ênfase na dignidade e no valor intrínseco do ser humano foi uma mudança bem-vinda em relação a algumas visões mais antigas que marginalizavam ou desvalorizavam certos grupos de pessoas.

Vale ressaltar, no entanto, que a valorização dos direitos individuais não é uma invenção exclusiva do humanismo. Muito antes do surgimento deste movimento, a Bíblia já apresentava um arcabouço conceitual de liberdade e igualdade que antecede muitos dos direitos que só vieram a ser reconhecidos nos tempos modernos.

As leis do Antigo Testamento, como as encontradas em Deuteronômio 6.1-9, oferecem muitos exemplos desses direitos e proteções.

Além disso, a Escritura vai além, ensinando a igualdade entre raças, classes sociais e gêneros, conforme expresso em Gálatas 3.28. A mensagem bíblica de que todos são iguais aos olhos de Deus contrasta fortemente com algumas das visões hierárquicas de humanidade promovidas em outras culturas e filosofias.

Em resumo, o Humanismo, apesar de suas falhas e excessos, trouxe uma nova perspectiva sobre o valor e a dignidade do indivíduo. No entanto, é importante lembrar que as verdades fundamentais sobre a igualdade humana e a dignidade já estavam presentes na Bíblia muito antes da ascensão do humanismo.

Iluminismo e Pós-modernismo

O Iluminismo e o Pós-modernismo representam outros dois movimentos significativos na história do pensamento humano. Ambos surgiram em momentos diferentes e trouxeram consigo uma série de novas ideias e conceitos, alguns dos quais continuam a moldar a maneira como vemos o mundo hoje.

O Iluminismo floresceu na Europa entre os séculos XVII e XVIII, um período caracterizado por questionamentos intensos de tradições estabelecidas e uma crescente confiança na razão humana.

Em um afastamento decisivo do teocentrismo da era medieval, os Iluministas acreditavam que o homem era o mestre de seu próprio destino, e que a Igreja, longe de ser essencial, era uma instituição dispensável. Isso refletiu a ênfase do Iluminismo na autonomia individual e na capacidade da razão para descobrir a verdade.

A criatura começou a se ver como um ser autônomo, capaz de definir seu próprio caminho sem a orientação ou intervenção do Criador.

Em contraste, a pós-modernidade, também conhecida como Modernidade Líquida, surgiu em meados do século XX e trouxe consigo uma série de desafios para as verdades e valores estabelecidos.

Em uma virada radical, os valores que eram considerados “absolutos” se tornaram “relativos”, uma mudança que muitos sociólogos descrevem como a transição de uma sociedade “sólida” para uma sociedade “líquida”.

No lugar da coletividade, o egocentrismo ganhou destaque, levando a relacionamentos superficiais e uma crescente ênfase na gratificação pessoal imediata.

Essa mudança teve implicações profundas para a forma como as pessoas veem a si mesmas e aos outros. Os dois principais imperativos desse movimento foram o hedonismo e o narcisismo.

Na busca pelo bem-estar pessoal, qualquer coisa se torna válida – desde o uso e abuso de outros indivíduos até o consumismo desenfreado.

A criatura, neste cenário, é vista como um ser isolado, voltado para a satisfação de seus próprios desejos e necessidades, com pouca ou nenhuma consideração pelo bem-estar dos outros ou pela vontade do Criador.

Ambos os movimentos – Iluminismo e Pós-modernismo – moldaram profundamente nossa cultura e sociedade modernas.

No entanto, é crucial lembrar que, apesar de suas reivindicações de autonomia e autodeterminação, o ser humano continua sendo uma criatura de Deus, chamada a viver em relação com Ele e com os outros de maneira amorosa, justa e compassiva.

Tipos de autoidolatria

A autoidolatria é um fenômeno profundamente enraizado na experiência humana, e surge quando a criatura começa a se considerar mais importante que o Criador.

Ela se manifesta de diversas maneiras, cada uma com suas características distintas e consequências específicas. Algumas formas de autoidolatria incluem a idolatria do ego, do corpo, do poder e do conhecimento.

O termo “autoidolatria” não deve ser entendido de forma literal, mas sim como um símbolo de uma atitude de vida que coloca o eu no centro de tudo.

Isto é, o ser humano torna-se seu próprio deus, substituindo o verdadeiro Deus por si mesmo. Esta forma de idolatria é particularmente perigosa porque é sutil, e muitas vezes passa despercebida até para aqueles que a praticam.

Idolatria da autoimagem

A idolatria da autoimagem, infelizmente, se tornou um elemento corriqueiro na vida moderna. Com a emergência das redes sociais, a representação da própria imagem adquiriu um valor sem precedentes, e isso tem se tornado um canal para a autoidolatria.

Nesse cenário, a necessidade de autoafirmação é alimentada constantemente por curtidas, compartilhamentos e comentários, que por sua vez são entendidos como uma forma de validação social.

O culto à autoimagem promove uma incessante busca pela perfeição estética e uma preocupação excessiva com a aparência física, o que pode conduzir a práticas prejudiciais à saúde e ao bem-estar. Isso é observado em dietas radicais, procedimentos cirúrgicos arriscados e na adoção de comportamentos nocivos para alcançar uma forma corporal idealizada.

Paralelamente, a idolatria da autoimagem também pode gerar um tipo distorcido de amor-próprio, em que o valor de uma pessoa é medido unicamente por suas conquistas, aparência ou popularidade. Esse tipo de pensamento pode levar a uma contínua insatisfação com a própria vida, ansiedade e, em casos extremos, a transtornos mentais como a depressão e o transtorno de ansiedade social.

Além disso, o desejo incessante de destaque e reconhecimento pode levar à competição, à inveja e ao ressentimento, ferindo relacionamentos e cultivando uma atmosfera de desconfiança e hostilidade. A pessoa pode se tornar obcecada com sua imagem, o que a deixa cega para as necessidades e sentimentos dos outros. O foco está tão voltado para si mesma que o próximo, e principalmente Deus, são esquecidos.

A Bíblia, por outro lado, ensina um caminho completamente oposto. Ela nos instrui a amar a Deus sobre todas as coisas e a amar o próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-39). Isso significa colocar Deus como o centro de nossas vidas e valorizar os outros tanto quanto valorizamos a nós mesmos. Além disso, nos encoraja a cultivar a humildade e a generosidade, e não a vaidade e a autoexaltação (Fl 2.3-4).

Por fim, o Cristianismo nos lembra que nosso valor não está na nossa aparência ou nas nossas realizações, mas naquilo que somos aos olhos de Deus. Ele nos ama incondicionalmente, apesar de nossos erros e imperfeições, e isso deve ser suficiente para nos dar uma autoestima saudável.

Em vez de buscar a aprovação dos outros, devemos buscar agradar a Deus e viver de acordo com Seus mandamentos.

Idolatria no coração

A idolatria no coração é um mal sutil e perigoso. É sutil porque muitas vezes é mascarada por justificativas plausíveis ou por uma aparente normalidade; é perigoso porque suas consequências espirituais são profundas e graves.

Este tipo de idolatria se manifesta de diversas maneiras, algumas das quais podem passar despercebidas como idolatria, mas não são menos destrutivas por isso.

Por exemplo, a busca desenfreada por sucesso e reconhecimento pode se tornar uma forma de idolatria. O desejo de ser bem-sucedido e reconhecido não é inerentemente mau. No entanto, quando esses desejos se tornam o foco principal da vida, ao ponto de ofuscar a adoração e obediência a Deus, eles se tornam ídolos do coração.

O prazer também pode se tornar um ídolo quando é buscado de forma obsessiva ou irresponsável. A busca incessante por prazer pode levar à indulgência em comportamentos pecaminosos ou prejudiciais, à negligência de responsabilidades importantes e ao afastamento de Deus. O prazer torna-se o senhor do coração em lugar de Deus.

A superstição e o materialismo também são formas de idolatria no coração. A superstição, em sua essência, é a atribuição de poder divino a objetos, eventos ou práticas que não têm tal poder. O materialismo, por sua vez, é o amor excessivo e desproporcional às coisas materiais, colocando-as acima de Deus e dos valores espirituais.

A resposta bíblica a todas essas formas de idolatria é clara: a Palavra de Deus deve ser guardada no coração. Isso significa que devemos nos alimentar diariamente da Bíblia, permitir que seus ensinamentos moldem nosso pensamento e guie nosso comportamento.

Também significa que devemos nos submeter humildemente à soberania de Deus, reconhecendo que Ele é o único que deve ser adorado e servido.

Ao encher nossos corações com a Palavra de Deus, nos equipamos com a verdade necessária para resistir à tentação da idolatria.

Quando nossos corações estão alinhados com Deus, somos capazes de ver os ídolos do coração pelo que realmente são: falsos deuses que prometem o que não podem entregar e que nos afastam do verdadeiro Deus que nos ama e nos deseja em uma relação de amor e obediência.

Idolatria sexual

A idolatria sexual é uma das formas mais poderosas e destrutivas de idolatria. Ela ocorre quando a satisfação sexual se torna o objetivo principal da vida, a ponto de ofuscar a adoração e obediência a Deus. Essa forma de idolatria pode assumir várias formas, incluindo a obsessão por pornografia, o vício em sexo, a infidelidade e o envolvimento em práticas sexuais imorais.

Tal comportamento está profundamente enraizado no desejo carnal, mas não se limita apenas a práticas físicas. Trata-se também de um estado mental em que o desejo sexual é alimentado e cultivado através de fantasias, obsessões e comportamentos compulsivos.

Esse estado mental distorcido pode, eventualmente, se manifestar em ações que são contrárias aos ensinamentos bíblicos e à vontade de Deus.

Essa idolatria sexual pode ter consequências devastadoras. Ela pode levar à destruição de relacionamentos, perda de integridade, vergonha, culpa e separação de Deus. Além disso, pode levar a um ciclo vicioso de pecado e arrependimento, no qual a pessoa se sente impotente para superar o pecado sexual.

A resposta bíblica a essa forma de idolatria é clara: devemos viver no Espírito e não satisfazer os desejos da carne. Isso significa que devemos buscar o preenchimento e a satisfação em Deus, e não em prazeres sexuais ilícitos. Significa também que devemos nos submeter ao controle do Espírito Santo e permitir que Ele nos guie e nos capacite a resistir à tentação.

Lutar contra a idolatria sexual pode ser uma batalha difícil, mas a vitória é possível através do poder de Deus. Quando nos arrependemos de nosso pecado e pedimos a Deus que nos purifique e nos transforme, Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos limpar de toda injustiça (1 João 1:9).

Com a ajuda de Deus, podemos derrubar os ídolos sexuais em nossos corações e viver uma vida que glorifica a Deus em nossos corpos e em nossos espíritos, que são de Deus (1 Coríntios 6:20).

Conclusão

A raça humana, em sua busca por autonomia e auto-suficiência, acaba por se rebelar contra a verdade divina. As consequências desta rebeldia são profundas e catastróficas, manifestando-se em diversas formas de idolatria – desde a idolatria da autoimagem, passando pela idolatria no coração, até a idolatria sexual.

Em todos esses casos, a criatura coloca-se acima do Criador, buscando encontrar satisfação e plenitude fora do plano divino.

Este comportamento conduz à decadência moral, social e espiritual, gerando uma sociedade egocêntrica e orientada para o prazer. A humanidade, presa em sua autoidolatria, se distancia de Deus e se aprofunda cada vez mais na depravação.

Contudo, a Escritura alerta claramente para as terríveis consequências desta rebelião – a ira de Deus é revelada contra toda a impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade (Romanos 1:18).

Portanto, é essencial reconhecer nossa necessidade de Deus e voltar nossa adoração para Ele, reconhecendo que somos criaturas dependentes de nosso Criador.

Em última análise, somente em Deus podemos encontrar a verdadeira satisfação e plenitude que nossa alma anseia. A idolatria é um beco sem saída que leva à destruição; a adoração a Deus é o caminho que leva à vida.

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