Lição 4 – A igreja e o reino de Deus

Lição 4 – A igreja e o reino de Deus

A Sagrada Escritura revela o Senhor como um monarca supremo (Salmo 47.6; 52.7), exercendo sua autoridade e domínio sobre toda a criação (Salmo 22.28). Seu reino é caracterizado por uma soberania absoluta.

Nesta explanação, buscaremos aprofundar a compreensão do Reino de Deus, explorando sua essência e a interconexão com a Igreja. Abordaremos a amplitude universal e a soberania do reino divino, destacando tanto sua presença atual quanto sua manifestação futura.

A Igreja, inserida neste contexto, é concebida como um elemento vital do reino, designada por Deus para vivenciar, proclamar e evidenciar a existência do reino divino.

A NATUREZA DO REINO DE DEUS

Explorar a natureza do Reino de Deus é embarcar numa jornada através de um território espiritual rico e multifacetado. Este Reino, diferentemente dos reinos terrenos, é delineado por características divinas e princípios eternos. No coração deste Reino reside a soberania de Deus, uma realidade que transcende as compreensões humanas e as limitações temporais.

Em nosso estudo, mergulharemos na essência deste Reino celestial, buscando compreender como ele se manifesta na vida dos crentes e na história da humanidade. Esta análise não apenas ilumina nossa visão do divino, mas também orienta como vivemos e interagimos com o mundo à nossa volta.

O Reino de Deus é universal

A universalidade do Reino de Deus é uma verdade fundamental e abrangente, como expressa nas Escrituras Sagradas. Esta compreensão é claramente demonstrada no livro de Salmos, onde se afirma que Deus é o “Rei de toda a terra” (Salmo 47.7), uma descrição que transcende a simples metáfora e se estabelece como um princípio central do domínio divino.

Este conceito é ainda mais enfatizado por Daniel, que reconhece Deus como aquele que “domina sobre o reino dos homens” (Daniel 4.25), ilustrando a magnitude da autoridade de Deus não apenas sobre o reino espiritual, mas também sobre todos os aspectos do mundo físico.

As Escrituras, portanto, revelam um aspecto crítico da natureza do Reino de Deus: sua universalidade. Deus, como o Rei universal, possui um domínio absoluto não apenas sobre sua criação, mas também sobre todos os reinos e governos humanos, assim como sobre as hostes angelicais (Daniel 4.35). Esta visão implica que nada está fora de seu alcance ou influência, estendendo-se desde os eventos mundiais até os detalhes mais íntimos da vida cotidiana.

A universalidade do Reino de Deus também sublinha a ideia de que sua soberania não conhece limites, seja geográficos, temporais ou espirituais. Neste contexto, o poder de Deus é visto como supremo e incontestável, uma realidade que permeia todas as dimensões da existência. Isso se reflete na forma como os eventos históricos se desenrolam (Daniel 2.21), onde a mão de Deus pode ser discernida guiando e moldando os destinos das nações e indivíduos.

Assim, ao contemplarmos o Reino de Deus, somos chamados a reconhecer uma realidade que é imensamente maior do que nossa compreensão limitada. Este Reino não está confinado às barreiras humanas de poder e influência, mas é um reino que abrange toda a criação, visível e invisível. A aceitação desta verdade tem implicações profundas para a fé e prática dos crentes, pois nos desafia a ver o mundo e nossa existência dentro dele sob uma perspectiva divina e eterna.

Dessa forma, a universalidade do Reino de Deus é uma doutrina central que influencia profundamente nossa visão de mundo e espiritualidade. Ela nos lembra de que estamos inseridos em um plano divino muito maior, onde cada ação e decisão é parte integrante do propósito soberano de Deus.

A soberania Divina e os acontecimentos do mundo

A compreensão da soberania divina em relação aos acontecimentos do mundo é um tema complexo e profundo. Observa-se que, apesar de o mundo seguir seu curso com eventos inesperados e desafios constantes, Deus nunca perdeu, nem deixou de exercer, seu domínio sobre ele ou sobre o universo que criou.

Esta noção é essencial para entender a natureza de Deus: um Deus que não tivesse controle total sobre tudo não se enquadraria na definição de divindade como compreendida nas Escrituras. Este conceito é crucial para a fé cristã, pois fundamenta a confiança na ordem e propósito divinos, mesmo em meio ao caos aparente do mundo.

É importante ressaltar que afirmar a soberania de Deus não implica que Ele seja a causa direta de todos os eventos no mundo. A existência do mal, as tragédias e as injustiças não são produtos diretos da vontade de Deus, mas consequências da liberdade concedida à humanidade e às forças espirituais, como o Diabo e seus demônios.

Estes seres têm a permissão para agir dentro de certos limites, mas suas ações nunca ultrapassam a soberania de Deus, como afirmado no Salmo 103.19. A atuação divina no mundo não se limita a reações contra tais forças; Deus trabalha de maneira proativa e redentiva, transformando o que foi destinado para o mal em algo que contribui para o seu propósito supremo.

Neste contexto, a soberania de Deus é um lembrete constante de que, embora haja liberdade e ação autônoma no mundo, nada acontece que esteja fora do alcance ou do conhecimento de Deus. As ações humanas e as influências espirituais negativas são fatores que Deus, em sua onisciência e onipotência, leva em conta no desdobramento de seu plano divino. Isso oferece um consolo profundo aos crentes, sabendo que, apesar das adversidades e desafios, existe uma mão divina guiando a história.

Além disso, a soberania de Deus não deve ser vista como um determinismo que nega a responsabilidade humana. Pelo contrário, ela coexiste com a liberdade humana de uma maneira misteriosa e insondável. Esta tensão entre a soberania divina e a liberdade humana é um dos grandes mistérios da fé, e mantém um equilíbrio delicado que é fundamental para a compreensão bíblica do mundo e da história.

Em suma, a soberania de Deus sobre os acontecimentos do mundo é um pilar da teologia cristã. Ela reafirma a confiança na ordem divina, mesmo quando confrontados com o caos e a incerteza. Isso nos leva a uma fé mais profunda e a uma entrega mais completa à vontade e ao plano de Deus, sabendo que, no final, tudo contribuirá para o cumprimento de seus propósitos soberanos.

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O Reino de Deus, a nação de Israel e a Igreja

A relação entre o Reino de Deus, a nação de Israel e a Igreja é um aspecto fascinante e fundamental da narrativa bíblica. No Antigo Testamento, Deus escolhe Israel como Seu povo especial, estabelecendo um reino teocrático e sacerdotal, onde Ele mesmo reinava soberanamente. Esta escolha não se baseava em méritos ou grandeza, mas fazia parte de um plano divino mais amplo.

Ao escolher Israel, representado em passagens como Números 23.21 e Isaías 43.15, Deus se propõe a abençoar não apenas essa nação, mas também, por meio dela, todas as nações da terra, como revelado em Gênesis 12.1-3 e Isaías 45.21-22.

Este plano divino de redenção e bênção, inicialmente centrado em Israel, encontra sua plenitude e cumprimento em Jesus Cristo, o Filho de Davi. Com sua morte e ressurreição, Jesus estabelece a Igreja, um novo corpo formado por crentes tanto judeus quanto gentios. Passagens como Efésios 2.14, Gálatas 3.14, 4.28 e 1 Pedro 2.9 demonstram a transição do foco de Deus de uma nação específica para uma comunidade global de crentes, unida em Cristo.

Através dessa mudança, o conceito do Reino de Deus se expande e se transforma. Já não está limitado a uma localidade geográfica ou a uma linhagem étnica, mas transcende fronteiras e culturas, abrangendo todos aqueles que aceitam Jesus como Senhor e Salvador.

Este Reino, agora manifestado na Igreja, carrega o legado de Israel como um “reino sacerdotal”, mas em uma escala muito mais ampla, reunindo pessoas de todas as nações sob o senhorio de Cristo.

Esta evolução do Reino de Deus, de uma manifestação centrada em Israel para uma realidade global através da Igreja, é um testemunho do plano de Deus de redenção e restauração para toda a humanidade. Ele demonstra o amor de Deus que se estende além de qualquer barreira, convidando todos a se tornarem parte de Seu povo escolhido e a participar de Seu Reino eterno.

Assim, a Igreja, como o corpo de Cristo, continua a missão de Israel de ser luz para as nações, proclamando o evangelho do Reino e demonstrando o amor e a justiça de Deus no mundo. Esta missão é um chamado contínuo e uma responsabilidade compartilhada por todos os crentes, unidos no propósito comum de manifestar o Reino de Deus na terra.

A IGREJA E AS DIMENSÕES DO REINO DE DEUS

A relação entre a Igreja e as dimensões do Reino de Deus é um tema de profunda significância teológica e prática. A Igreja não é apenas um mero agrupamento de crentes, mas o epicentro através do qual o Reino de Deus se manifesta e se expande no mundo.

Este Reino, embora espiritual em sua natureza, tem implicações tangíveis e transformadoras na realidade cotidiana dos fiéis e na sociedade como um todo.

Ao explorar este tema, nos deparamos com a complexidade e a beleza de como o Reino de Deus se entrelaça com a missão e a identidade da Igreja. A Igreja, constituída por aqueles que seguem a Cristo, é chamada a viver e expressar as diversas facetas deste Reino, desde seu aspecto presente até sua plena manifestação futura.

O Reino de Deus como realidade presente

A compreensão do Reino de Deus como uma realidade presente é crucial para a fé cristã, uma verdade enfatizada nos ensinamentos de Jesus nos Evangelhos. Esta dimensão presente do Reino é evidenciada em vários eventos e parábolas narrados, mas talvez de forma mais marcante nos atos de libertação e cura realizados por Jesus.

Um exemplo notável encontra-se em Mateus 12.22, onde Jesus cura um endemoninhado cego e mudo, um ato que desencadeou reações mistas, incluindo a acusação dos fariseus de que Ele realizava tais milagres pelo poder de Belzebu (Mateus 12.24).

A resposta de Jesus a essas acusações é profundamente reveladora. Ele afirma: “Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus” (Mateus 12.28).

Essas palavras não são apenas uma defesa de suas ações, mas uma declaração poderosa sobre a realidade iminente do Reino. Jesus está enfatizando que, com Sua presença e ação, o Reino de Deus não é mais uma promessa distante, mas uma realidade tangível e ativa entre os homens.

Esta concepção de um Reino presente contradiz o entendimento de muitos na época, que esperavam um reino messiânico terreno e político. Em contraste, Jesus apresenta um Reino que se manifesta no agora, embora não de maneira que muitos esperavam. Este Reino é caracterizado por atos de poder, como curas e exorcismos, demonstrando a autoridade e a soberania de Deus no mundo físico e espiritual.

A ideia de que o Reino de Deus já estava presente durante o ministério terreno de Jesus é uma mudança radical na expectativa messiânica. Ele não está meramente anunciando a chegada do Reino; Ele está efetivamente inaugurando-o através de suas ações e ensinamentos.

O Reino, portanto, não é uma mera concepção abstrata ou subjetiva, mas uma realidade concreta e ativa que transforma a vida das pessoas e reconfigura a ordem espiritual do mundo.

Portanto, a dimensão presente do Reino de Deus, conforme revelada e vivida por Jesus, é uma verdade fundamental para a compreensão cristã de Deus e de Sua ação no mundo.

Este Reino presente não é apenas um fenômeno espiritual, mas uma realidade que penetra e transforma todas as esferas da existência humana, convidando os seguidores de Cristo a viverem sob sua influência e autoridade aqui e agora.

Onde está o Reino de Deus?

A questão sobre onde se encontra o Reino de Deus é central para a compreensão da sua natureza como uma realidade presente. Diferente de reinos terrestres, o Reino de Deus não está vinculado a um espaço geográfico específico, mas está intrinsecamente ligado à presença de Jesus.

Conforme Lucas 17.20-21 revela, o Reino de Deus é manifestado onde quer que a presença de Jesus esteja. Essa verdade aponta para uma realidade espiritual que transcende as limitações físicas e geográficas.

Este conceito é ainda mais evidenciado pelas ações e impactos do ministério de Jesus e, posteriormente, dos apóstolos. Cada vez que uma pessoa é salva, conforme descrito em Atos 8.12, ou quando alguém é curado ou libertado do poder do Diabo, como em Atos 8.6-7, o Reino de Deus está se manifestando.

O apóstolo Paulo, em suas cartas aos Romanos (14.17) e aos Coríntios (1 Coríntios 4.20), também sublinha esta verdade, mostrando que o Reino de Deus é uma realidade dinâmica, evidenciada em ações de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.

Portanto, durante o ministério terreno de Jesus, o Reino de Deus estava presente nele mesmo, pois Ele era a personificação e a manifestação desse Reino. Da mesma forma, esse Reino estava presente no ministério dos apóstolos na Igreja Primitiva. Eles continuaram a obra de Jesus, expandindo a manifestação do Reino através de ensinamentos, milagres, e a expansão da comunidade de crentes.

Na era contemporânea, essa manifestação do Reino de Deus continua por intermédio da Igreja de Cristo. A Igreja, como o corpo de Cristo na terra, é onde o Reino se manifesta agora. Cada ato de amor, cada gesto de compaixão, cada palavra de verdade proclamada pela Igreja é uma expressão do Reino de Deus em ação.

A Igreja, portanto, não é apenas uma instituição ou uma comunidade de crentes, mas o veículo através do qual o Reino de Deus continua a se manifestar e a influenciar o mundo.

Em resumo, o Reino de Deus, como uma realidade presente, se manifesta onde quer que a presença de Cristo esteja ativa, seja através de sua presença espiritual, seja através de sua Igreja. Este Reino não está limitado por fronteiras geográficas ou construções humanas, mas é uma realidade espiritual viva que permeia todas as esferas da vida e da sociedade.

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O Reino de Deus como realidade futura

A dimensão futura do Reino de Deus é tão vital quanto a sua manifestação presente, incorporando o aspecto escatológico da fé cristã. Esta faceta do Reino aponta para um tempo futuro quando a soberania de Deus será estabelecida de maneira completa e universal.

O apóstolo Paulo, em suas cartas, frequentemente aborda esta realidade futura, como em 1 Coríntios 6.9-10, onde ele descreve os tipos de comportamentos e pessoas que não herdarão o Reino de Deus. Essas advertências servem não apenas como orientações morais, mas também como lembretes da realidade eterna e imutável do Reino vindouro.

Embora o Reino de Deus seja uma realidade que já pode ser experimentada no presente, como mencionado em Hebreus 6.5, sua manifestação completa e final ainda está por vir.

Esta expectativa é claramente expressa nas parábolas de Jesus, especialmente em Mateus 13.49, onde ele fala sobre a separação final entre o justo e o injusto no fim dos tempos. Esses ensinamentos de Jesus sobre o Reino futuro são fundamentais para a esperança cristã, pois apontam para uma era de justiça e paz que transcende a atual experiência humana.

Um dos aspectos mais debatidos da dimensão futura do Reino de Deus é o Milênio, descrito no livro de Apocalipse (Apocalipse 20.1-5).

Este período de mil anos é frequentemente interpretado como um tempo literal ou simbólico em que Cristo reinará fisicamente sobre a Terra. Independentemente das diferentes interpretações, o conceito do Milênio destaca a realidade de que o Reino de Deus se manifestará de maneira mais concreta e visível no futuro.

Esta perspectiva escatológica do Reino oferece conforto e esperança em meio às dificuldades do mundo atual. Ela lembra aos crentes que, apesar das injustiças e do sofrimento presentes, um futuro glorioso está assegurado, onde Deus reinará com justiça e paz.

Esta esperança não é um mero consolo passivo, mas um incentivo ativo para viver de maneira que reflita os valores e a justiça do Reino de Deus, mesmo agora.

Em resumo, a dimensão futura do Reino de Deus é uma promessa de que a soberania e a justiça de Deus serão finalmente e plenamente estabelecidas.

Esta realidade futura molda a forma como vivemos hoje, inspirando fé, esperança e uma dedicação à justiça e à retidão, em antecipação ao cumprimento completo do Reino de Deus.

A IGREJA NO CONTEXTO DO REINO DE DEUS

A relação da Igreja com o Reino de Deus é um elemento fundamental na compreensão da missão e identidade cristãs. A Igreja não é apenas uma instituição religiosa, mas o corpo vivo de Cristo, profundamente enraizado no contexto do Reino de Deus. Ela atua como um agente de transformação e manifestação do Reino na terra, refletindo seus valores e princípios em cada aspecto de sua existência.

Neste tópico, exploraremos como a Igreja se posiciona e funciona dentro do grandioso plano do Reino de Deus. A Igreja, composta por crentes de todas as nações e culturas, é chamada a ser uma luz no mundo, demonstrando o amor, a justiça e a soberania de Deus através de suas ações, ensinamentos e comunidade.

Esta discussão nos ajudará a compreender melhor o papel vital que a Igreja desempenha no propósito divino e como ela contribui para a manifestação do Reino de Deus na história humana.

A distinção entre Igreja e Reino de Deus

É importante estabelecer uma distinção clara entre a Igreja e o domínio soberano de Deus. Enquanto a Igreja é indubitavelmente uma parte integral desse domínio divino, ela não o encapsula em sua totalidade.

O domínio de Deus se estende além da Igreja, abrangendo todos os Seus fiéis, tanto da Antiga quanto da Nova Aliança. A Igreja, embora seja um elemento crucial na atual dispensação de Deus, não estava presente no Antigo Testamento; contudo, a soberania divina já era uma realidade estabelecida no Antigo Pacto.

Sob o Antigo Pacto, Israel serviu como a comunidade central através da qual Deus exercia Seu governo e manifestava Sua vontade, como exemplificado em Êxodo 19.5-6. De maneira semelhante, no Novo Pacto, a Igreja assume o papel de comunidade central dentro do plano divino, conforme destacado em 1 Pedro 2.9.

Esta evolução de Israel para a Igreja reflete a expansão do alcance e da aplicação da soberania de Deus, movendo-se de um povo específico e uma localização geográfica para uma comunidade global de crentes unidos em Cristo.

Essa transição também indica uma mudança na maneira como o governo divino é manifestado e vivenciado. Enquanto Israel operava sob um sistema teocrático direto, a Igreja representa uma comunidade espiritual onde a soberania divina é vivida através do relacionamento pessoal e coletivo com Cristo.

Este novo paradigma não nega ou substitui as promessas e o propósito de Deus para Israel, mas os cumpre e expande de uma forma que abraça todas as nações e povos.

Portanto, compreender a Igreja como parte, mas não a totalidade, do domínio divino é crucial para uma teologia bíblica equilibrada. Isso nos ajuda a reconhecer a continuidade e a consistência do propósito de Deus através das eras, ao mesmo tempo em que valorizamos o papel único e vital que a Igreja desempenha na atual dispensação da graça e verdade de Deus.

A Igreja expressa o Reino de Deus

A Igreja, conforme planejada e idealizada por Deus, representa a manifestação de Seu governo soberano na plenitude dos tempos, como destacado em Gálatas 4.4 e Efésios 1.10.

Longe de ser um improviso ou um acréscimo tardio na narrativa da salvação, a Igreja foi meticulosamente projetada e eleita por Deus, conforme expresso em Efésios 1.4-6 e 1 Pedro 1.2.

Esta concepção divina da Igreja sublinha sua importância e propósito essenciais dentro do plano geral de Deus para a humanidade.

Sob o Novo Pacto, a Igreja é encarregada com a missão de proclamar e manifestar o plano de salvação de Deus para todas as nações. Esta missão não se limita a palavras e doutrinas, mas se estende à demonstração prática das insondáveis riquezas de Cristo, como mencionado em Efésios 3.10.

A Igreja, portanto, é o meio pelo qual as verdades do governo divino e a graça de Cristo são reveladas não apenas aos seres humanos, mas também às autoridades celestiais.

Além disso, a presença e ação da Igreja na Terra são fundamentais para a manifestação e conhecimento do governo divino. Ela serve como um reflexo terreno da realidade celestial, um farol de luz que irradia a verdade, a justiça e o amor de Deus em um mundo muitas vezes marcado pela escuridão e pela injustiça.

Através de suas palavras, ações e comunhão, a Igreja torna visível o amor redentor e a soberania de Deus, influenciando a sociedade e a cultura ao seu redor.

Portanto, a Igreja não é apenas uma comunidade de crentes; ela é o veículo escolhido por Deus para expressar e realizar Seu governo e propósitos na Terra. Através dela, a mensagem do Evangelho se espalha, corações são transformados, e o impacto do governo de Deus se torna evidente em todas as esferas da vida humana.

A Igreja e a mensagem do Reino de Deus

Proclamar o governo soberano de Deus é uma missão central da Igreja, como enfatizado em diversos trechos do livro de Atos, como Atos 19.8, onde se destaca o compromisso de Paulo em ensinar sobre este tema.

Ele mesmo, ao se dirigir aos presbíteros de Éfeso, lembrou-os de sua dedicação em pregar sobre o governo de Deus (Atos 20.25), e mesmo em sua prisão em Roma, continuou com este compromisso (Atos 28.31).

Este ensinamento não era apenas para os líderes ou os já firmados na fé, mas também era fundamental para os novos na fé, como visto em Atos 14.22, onde a realidade do governo divino era um tema central.

Além disso, esta mensagem é apresentada como uma esperança para aqueles que amam a Deus, conforme Tiago 2.5. Assim, a tarefa de pregar sobre o governo soberano de Deus é inerente à missão da Igreja.

Esta missão, no entanto, depende de uma clara compreensão e visão deste governo divino. Significa que a Igreja deve ter uma compreensão profunda do que é esse governo divino e da importância que ele tem.

Quando essa compreensão não é clara, as igrejas locais correm o risco de desviar-se de sua rota e seguir caminhos que as afastam de sua missão primordial.

Como Jesus claramente afirmou em João 18.36, Seu governo “não é deste mundo”, indicando a natureza transcendental e espiritual de seu domínio.

Este ensinamento de Jesus destaca a necessidade da Igreja em manter o foco na sua missão de proclamar um governo que não é baseado em estruturas e sistemas terrenos, mas em verdades espirituais e eternas.

Portanto, é essencial que a Igreja mantenha uma visão clara e um compromisso firme com a missão de proclamar a soberania de Deus. Isso envolve não apenas a pregação verbal, mas também a demonstração prática dos princípios e valores deste governo divino na vida cotidiana.

A Igreja, ao permanecer fiel a essa missão, cumpre seu papel fundamental como representante do governo de Deus na terra.

CONCLUSÃO

Nesta lição, ampliamos nosso entendimento sobre o governo divino e a sua relação com a Igreja. Como bem observado por teólogos e estudiosos, a Igreja, embora não seja idêntica ao governo de Deus, desempenha um papel crucial como o instrumento presente deste governo, e, conforme prometido em 2 Pedro 1.11, herdará a plenitude deste governo.

Esta distinção é importante para compreendermos que, enquanto a Igreja é uma representação vital do governo divino na Terra, o escopo total deste governo é mais amplo, abrangendo todo o povo de Deus ao longo da história.

Assim, na manifestação final do governo divino, todos os crentes que professaram e professarão sua fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, estarão incluídos. Isso significa que a plenitude do governo de Deus não está restrita a uma era ou grupo específico, mas é um plano eterno que engloba todos aqueles que, através dos tempos, têm colocado sua fé e esperança em Cristo.

A compreensão dessa verdade é vital para a vida e a missão da Igreja hoje. Reconhecendo que ela é parte, mas não a totalidade, do governo divino, a Igreja é chamada a atuar com humildade, amor e dedicação, sempre apontando para além de si mesma, para o soberano reinado de Deus que abraça todas as eras e povos.

Este conhecimento inspira os crentes a viverem de maneira que honre e manifeste os valores e princípios desse governo, aguardando com esperança e expectativa a sua plena realização.

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