Lição 1 – A origem da igreja

Lição 1 – A origem da igreja

Ao explorar o Novo Testamento, descobrimos rapidamente a verdadeira origem da igreja e seu papel crucial na fé cristã. Para apóstolos como Paulo e os primeiros discípulos, a Igreja era mais do que um simples grupo; era o alicerce da verdade e da salvação.

Paulo a exaltou como “coluna e firmeza da verdade” (1 Timóteo 3:15), e Pedro, com grande estima, referiu-se a ela como uma “geração eleita” (1 Pedro 2:9).

Nesta lição, nos aprofundaremos nas revelações bíblicas sobre a Igreja de Deus, mostrando que a ekklesia não é apenas um conjunto de indivíduos, mas uma instituição sagrada, com raízes profundamente entrelaçadas com o plano divino.

O povo de Deus na bíblia e na história

Ao investigarmos a origem da igreja na Bíblia e ao longo da história, descobrimos uma jornada contínua e transformadora.

Esta viagem começa com os primeiros patriarcas e se estende até os dias atuais, marcando a evolução do povo de Deus desde as primeiras promessas abraâmicas até a formação da Igreja cristã.

Este subtema explora como o povo escolhido por Deus, referenciado em várias passagens bíblicas, moldou a identidade e a missão da Igreja ao longo dos séculos.

Essa trilha histórica e espiritual é marcada por momentos significativos, que destacam a relação especial entre Deus e Seu povo.

Ao relembrar esses eventos, percebemos como as interações divinas moldaram não apenas o curso da história religiosa, mas também influenciaram de maneira indelével o desenvolvimento da Igreja e de suas doutrinas, tornando-se um testemunho vivo da fé e da resiliência do povo de Deus.

A Origem da Igreja no Antigo Testamento

No contexto do Antigo Testamento, a origem da igreja pode ser rastreada até o termo hebraico “qahal”, que desempenha um papel crucial na compreensão da natureza coletiva do povo de Deus sob o Antigo Pacto.

Este termo, traduzido frequentemente como “assembleia” ou “congregação”, revela o conceito de um povo unido em propósitos e em adoração.

É interessante observar como “qahal” é empregado em diferentes contextos, destacando variadas facetas da vida religiosa e comunitária de Israel.

Por exemplo, em Deuteronômio 4:10, “qahal” é mencionado no contexto do povo reunido para receber ensinamentos divinos. Esta reunião não era meramente física; representava um momento sagrado de comunicação e compromisso com Deus.

Já em Juízes 20:2, o termo é usado para descrever a “congregação do povo”, evidenciando a ideia de uma comunidade unida por laços religiosos e étnicos, um aspecto fundamental para entender a dinâmica do Israel antigo.

Em 1 Samuel 17:47 (NAA), “qahal” é traduzido como “multidão”, refletindo o caráter numeroso e diversificado do povo de Deus. Essa diversidade, no entanto, não diminuía a unidade e a força comum que os movia, especialmente em momentos de desafio e confronto.

Enquanto isso, em 1 Reis 8:22, o termo é associado à “congregação” que se reúne para adorar e buscar a Deus, um ato fundamental na construção e na manutenção da identidade religiosa de Israel.

Em 1 Crônicas 13:2, encontramos “qahal” vinculado especificamente à “congregação de Israel”, enfatizando o sentido de uma nação escolhida e separada para um propósito divino.

Esse conceito era central para a auto compreensão do povo judeu, fundamentando muitos de seus rituais, leis e tradições. Por fim, em Neemias 5:7, “qahal” é descrito como um “grande ajuntamento”, indicando momentos significativos em que toda a nação se reunia, seja para ouvir a Palavra de Deus, seja para tomar decisões coletivas importantes.

Portanto, ao longo do Antigo Testamento, o termo “qahal” ilustra vividamente a maneira como o povo de Israel se via como uma comunidade unida, tanto em propósitos cúlticos quanto em aspectos sociais e nacionais.

Esta compreensão de “qahal” oferece uma base sólida para explorar como essa noção evoluiu e encontrou novas expressões na Igreja sob o Novo Pacto, onde a ideia de “congregação” ou “assembleia” se expandiu para abranger um contexto espiritual mais amplo, abrindo caminho para a compreensão moderna da Igreja como o corpo de Cristo.

A Origem da Igreja no Novo Testamento

No Novo Testamento, a palavra-chave “ekklesia” assume um papel central na compreensão da origem da igreja cristã, diferenciando-se significativamente do termo “qahal” do Antigo Testamento, tanto na forma quanto na função.

“Ekklesia” no contexto neotestamentário transcende a ideia de uma raça ou nação específica; ela abrange todos aqueles, independentemente de raça ou nação, que foram redimidos pelo sangue de Cristo, como evidenciado em passagens como Efésios 3:6, Atos 20:28 e Apocalipse 5:9. Esta abordagem inclusiva reflete uma mudança fundamental no conceito de povo de Deus.

O Novo Testamento dá a “ekklesia” um caráter eminentemente sagrado. Ela é vista como uma assembleia de crentes que se reúnem com o propósito primário de adorar a Deus, como mostram os exemplos em Atos 12:5 e 13:1. Essa não é uma mera reunião de indivíduos, mas uma congregação de crentes regenerados, unidos em adoração e comunhão.

Jesus Cristo mesmo empregou o termo “ekklesia” de maneira singular, referindo-se a ela como o povo adquirido por Seu sangue, uma ideia expressa vividamente em Mateus 16:18.

Paulo, em suas epístolas, usou o termo “ekklesia” repetidamente para se referir à comunidade dos salvos, indicando uma mudança da percepção do povo de Deus de uma entidade étnica para uma comunidade espiritual.

Em suas cartas, ele saúda a igreja (1 Coríntios 1:2), ensina as igrejas (1 Coríntios 7:17), disciplina o uso dos dons espirituais na adoração (1 Coríntios 14:4,5,12,19,23,28,33,34,35) e fornece diretrizes para a vida da igreja (1 Coríntios 16:1).

Essa mudança de foco no Novo Testamento, do étnico para o espiritual, reflete a universalidade do Evangelho. A igreja, como descrita por Paulo e outros autores do Novo Testamento, é uma comunidade global, unida não por laços de sangue, mas pela fé em Cristo Jesus.

Esta visão de “ekklesia” revela uma compreensão mais profunda da missão da Igreja no mundo: não apenas reunir crentes, mas transformar vidas e sociedades através do poder do Evangelho.

Portanto, o uso do termo “ekklesia” no Novo Testamento representa uma evolução significativa na compreensão do povo de Deus.

A igreja não é apenas uma reunião de pessoas com crenças semelhantes; é o corpo de Cristo na Terra, chamado para testemunhar a verdade do Evangelho e para servir como um farol de esperança e salvação para todos os povos.

Essa transformação do conceito de “povo de Deus” do Antigo para o Novo Testamento é um testemunho poderoso da continuidade e do cumprimento do plano divino através da história.

A Origem da Igreja na história cristã

Na história do cristianismo, a compreensão da origem da igreja e de sua estrutura evoluiu significativamente, especialmente após a Reforma do século XVI.

Enquanto algumas tradições cristãs, como a católica, veem a Igreja como sendo governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele, a tradição protestante rejeita essa visão.

O protestantismo argumenta que esse conceito não encontra respaldo no contexto do Novo Testamento, onde a figura do sucessor de Pedro não é mencionada.

Com a Reforma, os protestantes buscaram retornar a uma compreensão mais bíblica da Igreja. Para eles, a igreja não se define pela sua hierarquia eclesiástica, mas pela fé e prática de seus membros.

Uma grande denominação protestante histórica descreve a Igreja como “uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé”.

Essa definição enfatiza a experiência individual de salvação e o compromisso pessoal com a fé cristã como critérios para a participação na comunidade da igreja.

Em contraste, algumas denominações pentecostais americanas têm uma visão mais expansiva. Elas veem a Igreja como “o corpo de Cristo, a habitação de Deus através do Espírito Santo”, conforme descrito em Efésios 1:22,23 e 2:22, e Hebreus 12:23.

Esta perspectiva enfatiza o papel dinâmico do Espírito Santo na Igreja e a ideia de que cada crente, nascido do Espírito, é uma parte integral da Assembleia Universal e da Igreja dos primogênitos inscritos no Céu.

Essa visão pentecostal destaca a universalidade e a natureza espiritual da Igreja, em contraste com a ênfase protestante na comunidade local.

Essas diferenças doutrinárias refletem a diversidade dentro do cristianismo sobre o que constitui a Igreja. Enquanto a tradição católica enfatiza a continuidade apostólica e a autoridade eclesiástica, o protestantismo e o pentecostalismo se concentram mais na experiência pessoal da fé e na atuação do Espírito Santo.

No entanto, todas essas tradições compartilham a crença comum de que a Igreja é fundamentalmente o corpo de Cristo, chamado para testemunhar o Evangelho e cumprir a Grande Comissão.

Assim, a história da Igreja reflete uma jornada de constante evolução e adaptação. Desde os primeiros dias do cristianismo até os movimentos contemporâneos, a forma e a função da Igreja foram moldadas por contextos culturais, teológicos e históricos variados.

Através dessas diferenças e debates, a Igreja continua a buscar a melhor maneira de viver e expressar a fé cristã num mundo em constante mudança, sempre mantendo o Evangelho de Cristo no centro de sua missão e mensagem.

A Igreja como criação Divina

Abordando o subtema “A Igreja como Criação Divina”, mergulhamos na essência da origem da igreja, explorando como ela transcende uma mera instituição humana para se revelar como um projeto concebido e sustentado pela vontade divina.

Esta perspectiva realça a natureza sagrada da Igreja, não apenas como uma comunidade de crentes, mas como uma manifestação do propósito e da graça de Deus na história humana.

Neste contexto, a Igreja é vista não só como uma assembleia de fiéis, mas como um corpo vivo, intrinsecamente ligado a Cristo e guiado pelo Espírito Santo.

Esta visão enfatiza o caráter sobrenatural e eterno da Igreja, destacando seu papel central no plano de Deus para a redenção e a restauração da humanidade.

A Igreja como um ideal de Deus

A concepção da Igreja como um ideal divino é uma verdade fundamental que permeia o ensino cristão, especialmente no que se refere à origem da igreja.

Desde antes da fundação do mundo, a Igreja estava no coração de Deus, não como uma instituição criada como um pensamento tardio, mas como parte integrante de Seu plano eterno.

Esta ideia é claramente expressa em Efésios 1:4, onde Paulo fala da eleição dos crentes em Cristo para a santidade e o amor. Aqui, a Igreja é apresentada não apenas como uma criação, mas como um reflexo do amor e da santidade divinos.

O apóstolo Paulo, na sua Carta aos Efésios, desvenda o “mistério” que estava oculto em eras passadas (Efésios 3:3-6). Esse mistério, agora revelado, é a própria Igreja – uma comunidade unida em Cristo, abrangendo judeus e gentios.

Esta revelação demonstra que, na mente de Deus, a Igreja sempre existiu como parte de Seu plano redentor. O amor de Deus é tão abrangente que Ele concebeu um meio de salvar a humanidade caída, culminando no ato sacrificial de Cristo, que amou a Igreja e Se entregou por ela (Efésios 5:25).

A Igreja, portanto, é formada por indivíduos que estavam perdidos no pecado, caminhando em direção à condenação eterna, mas que foram transformados pelo poder do Evangelho.

Essa transformação não é apenas um ato de reabilitação moral, mas uma regeneração espiritual profunda, na qual os crentes são feitos novas criaturas em Cristo.

Esta mudança fundamental reflete a realidade de que a Igreja é um projeto divino, moldado e sustentado pela graça e pelo poder de Deus.

Além disso, a ideia de que a Igreja foi idealizada por Deus desde a eternidade desafia a nossa compreensão do tempo e da história. Isso implica que a Igreja não é uma resposta reativa às circunstâncias humanas, mas um elemento premeditado e essencial do propósito divino.

Essa perspectiva eterna da Igreja oferece conforto e esperança, reforçando a convicção de que, apesar das dificuldades e desafios enfrentados ao longo da história, a Igreja está firmemente enraizada na vontade soberana de Deus.

Portanto, entender a Igreja como uma criação divina, idealizada desde a eternidade, é reconhecer seu valor e propósito únicos. A Igreja não é apenas um agrupamento de pessoas com crenças comuns, mas uma entidade sagrada, chamada a refletir a santidade e o amor de Deus no mundo.

Esta verdade reafirma o papel central da Igreja na narrativa divina da redenção e na missão contínua de Deus de restaurar todas as coisas em Cristo.

A Igreja como uma realidade concreta

A transição da Igreja de um ideal divino para uma realidade concreta é um aspecto crucial na compreensão da origem da igreja. Enquanto a concepção da Igreja existia na mente de Deus desde a eternidade, sua manifestação física e tangível na história humana ocorreu “na plenitude dos tempos”, como Paulo afirma em Gálatas 4:4.

Este momento decisivo, marcado pelo envio do Filho de Deus, nascido de mulher e sob a lei, foi o catalisador para a realização do plano divino de redenção, culminando na congregação de todas as coisas em Cristo (Efésios 1:10).

A questão de quando a Igreja passou a existir de fato e se estabeleceu em sua forma concreta é um tema de amplo debate teológico.

A maioria dos estudiosos concorda que esse evento ocorreu no dia de Pentecostes. Este evento, descrito em Atos dos Apóstolos, marca o derramamento do Espírito Santo sobre os discípulos de Cristo, simbolizando o nascimento da Igreja como uma comunidade de crentes ungidos e capacitados para cumprir a missão de Deus.

Curiosamente, a Igreja não é mencionada explicitamente nos Evangelhos de Marcos, Lucas e João. Estes textos focam principalmente na vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus. O Evangelho de Mateus faz uma menção à Igreja, mas de uma forma que sugere um evento futuro (Mateus 16:18).

Isso indica que, embora a ideia da Igreja já estivesse presente durante o ministério de Jesus, sua concretização como uma comunidade de crentes unidos sob a liderança do Espírito Santo ainda estava por vir.

Pentecostes, então, representa o momento em que a Igreja passou de um conceito espiritual para uma realidade vivenciada. Este evento não apenas simbolizou a presença do Espírito Santo, mas também marcou a expansão da missão da Igreja para além das fronteiras judaicas, abraçando todas as nações e povos.

Desde então, a Igreja tem existido como uma comunidade global, caracterizada pela diversidade e unidade em Cristo.

Assim, a existência concreta da Igreja é tanto um cumprimento da promessa divina quanto uma resposta contínua à missão iniciada em Pentecostes. A Igreja não é apenas uma instituição histórica; é o corpo vivo de Cristo, ativo e presente no mundo, continuando a obra iniciada por Jesus e sustentada pelo Espírito Santo.

Esta realidade concreta da Igreja é um testemunho do amor de Deus e de Seu poder transformador na vida dos crentes e na sociedade em geral.

A Igreja no Pentecostes

A efervescência do Pentecostes marca um momento crucial na história da origem da igreja, onde ela se transforma de um conceito etéreo na mente de Deus para uma realidade tangível e ativa no mundo.

O livro de Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, narra este evento transformador com detalhes significativos, especialmente em Atos 2:47, onde ele menciona que “todos os dias o Senhor acrescentava à igreja aqueles que se haviam de salvar”.

Este versículo não apenas destaca o crescimento numérico da Igreja, mas também sublinha a natureza divina desse crescimento, reforçando que a Igreja é, em última análise, uma criação de Deus.

O derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes, como relatado em Atos 2:1,2, é o catalisador que transforma a Igreja em uma realidade palpável.

Esse evento não foi apenas uma demonstração espetacular de poder divino, mas também um cumprimento das promessas de Jesus sobre a vinda do Consolador, que guiaria, ensinaria e capacitaria os discípulos (João 14:26; 16:13).

O Espírito Santo, ao descer sobre os discípulos, equipou-os para a missão de levar o Evangelho a todas as nações, marcando o início da Igreja como uma comunidade missionária global.

Além disso, Pentecostes representa uma mudança radical na maneira como a presença de Deus é experimentada pelos crentes.

Enquanto no Antigo Testamento, Deus se manifestava de maneiras específicas e em locais sagrados, no Pentecostes, Deus habita dentro de seus seguidores através do Espírito Santo. Esta nova realidade redefine o conceito de sagrado, tornando cada crente um templo vivo do Espírito Santo e, por extensão, parte integrante da Igreja.

A narrativa de Lucas também revela a natureza inclusiva da Igreja. No Pentecostes, pessoas de diversas nações ouvem o Evangelho em suas próprias línguas, simbolizando a universalidade da mensagem de Cristo e a abertura da Igreja para todos os povos, independentemente de suas origens étnicas ou culturais.

Isso reflete a visão bíblica de que a salvação é oferecida a todos e que a Igreja é chamada a ser um reflexo da diversidade e unidade encontradas em Cristo.

Portanto, a Igreja no Pentecostes não é apenas um evento histórico; é um modelo contínuo para a Igreja em todas as épocas. Ela simboliza o poder transformador do Espírito Santo, a missão global da Igreja e a natureza inclusiva do corpo de Cristo.

Essa realidade de Pentecostes continua a inspirar e desafiar a Igreja hoje, reforçando seu chamado para ser uma comunidade dinâmica e espiritualmente viva, unida no propósito de compartilhar o amor e a verdade de Cristo com o mundo.

A igreja como a comunidade dos salvos

Neste subtema, “A Igreja como a Comunidade dos Salvos”, exploramos a faceta mais profunda e espiritual da origem da igreja.

Aqui, a Igreja é entendida não apenas como uma instituição ou uma assembleia de crentes, mas como o agrupamento dos que foram redimidos por Cristo, unidos pela fé e pela salvação.

Esta visão destaca a Igreja como um corpo coletivo, cujos membros compartilham da mesma esperança e destino eterno em Deus.

Esta concepção da Igreja ressalta a transformação espiritual individual e coletiva que ocorre quando alguém se torna parte deste corpo.

A Igreja, assim, transcende as barreiras geográficas e culturais, reunindo em seu seio um povo diversificado, mas unificado pelo sacrifício redentor de Jesus e pela obra regeneradora do Espírito Santo. É nesta união espiritual que se encontra a verdadeira essência e identidade da Igreja como a comunidade dos salvos.

Regenerados pelo sangue de Cristo

A natureza da Igreja como uma comunidade dos salvos, regenerados pelo sangue de Cristo, é profundamente enraizada nas palavras de Pedro no dia de Pentecostes.

Em Atos 2:38, Pedro estabelece o processo pelo qual um indivíduo se torna membro da Igreja: através do arrependimento e do batismo em nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados.

Este ato não é simplesmente uma formalidade religiosa, mas uma transformação radical do coração e da mente, um verdadeiro renascimento espiritual.

A Igreja, portanto, é composta por pessoas que não apenas professam a fé cristã, mas que passaram por uma genuína conversão, uma mudança fundamental em suas vidas.

A palavra grega “metanoeo”, traduzida como arrependimento, significa uma mudança de mente, uma reorientação total da vida de uma pessoa.

Essa mudança não é superficial; é uma reviravolta completa que abrange pensamentos, atitudes e ações, refletindo um novo nascimento espiritual.

Este conceito de regeneração é central para a compreensão da origem da igreja como uma comunidade dos salvos. A igreja não é simplesmente um grupo de pessoas que compartilham crenças similares; é uma comunidade transformada, cujos membros foram retirados de um caminho de pecado e condenação eterna e colocados em um novo caminho de vida e luz.

Graças ao Evangelho e à obra redentora de Cristo, essas pessoas experimentam uma nova criação, tornando-se novas criaturas em Cristo.

Essa transformação é evidente não apenas na vida individual dos crentes, mas também na vida coletiva da Igreja. A comunidade dos salvos é um reflexo da graça e do amor de Deus, uma manifestação tangível do Reino de Deus na Terra.

Nesta comunidade, as barreiras de raça, classe, gênero e nacionalidade são transcendidas, unindo os crentes em um só corpo, o corpo de Cristo.

Por fim, a regeneração pelo sangue de Cristo confere à Igreja não apenas uma nova identidade, mas também uma nova missão. A Igreja é chamada a ser um farol de esperança e verdade em um mundo quebrado, um instrumento de reconciliação e paz.

Através do testemunho de suas vidas transformadas, os membros da Igreja são convocados a compartilhar as boas novas do Evangelho, estendendo o convite da salvação a todos que ainda andam nas trevas.

Assim, a Igreja como comunidade dos salvos é um milagre contínuo de transformação e renovação. É um testemunho vivo do poder do Evangelho de mudar vidas e de reunir pessoas de todos os cantos do mundo em uma família unida sob a bandeira do amor e da graça de Cristo.

Através de sua existência e missão, a Igreja continua a cumprir o plano redentor de Deus para a humanidade, uma jornada que começou na eternidade e se manifesta poderosamente na história através de cada vida transformada.

Selados pelo Espírito Santo

A noção de ser selado pelo Espírito Santo é fundamental para entender a formação e a identidade da Igreja como comunidade dos salvos.

A origem da Igreja no dia de Pentecostes está intrinsecamente ligada à descida do Espírito Santo sobre os discípulos, marcando não apenas o cumprimento de uma promessa divina, mas também o início de uma nova era na relação entre Deus e a humanidade.

Neste contexto, o Espírito Santo desempenha um papel vital, batizando os crentes no Corpo de Cristo e, assim, integrando-os à Igreja.

Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios, destaca essa verdade ao afirmar: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito” (1 Coríntios 12:13).

Esta passagem enfatiza a unidade e diversidade da Igreja, onde diferentes pessoas, com diferentes origens e posições sociais, são unidas em um só corpo através do Espírito Santo.

Este ato de batismo no Espírito não é apenas simbólico; é uma realidade espiritual que transforma a natureza e o status dos indivíduos, selando-os como membros da família de Deus.

Este selo do Espírito Santo é mais do que uma mera marca de identificação; é uma garantia da herança dos crentes e um sinal da presença contínua de Deus em suas vidas. Como um selo, ele também protege e preserva, garantindo que aqueles que são parte do Corpo de Cristo permaneçam seguros em sua fé e chamado.

É uma fonte de poder e orientação, capacitando os crentes a viverem uma vida que honra a Deus e reflete a realidade do Reino.

Além disso, ser selado pelo Espírito Santo implica em uma participação ativa na missão da Igreja. Os crentes são chamados a usar seus dons espirituais, dados pelo Espírito, para o serviço mútuo, para a edificação da Igreja e para o testemunho do Evangelho no mundo.

Este batismo no Espírito Santo, portanto, não é apenas um evento inicial na vida do crente; é um processo contínuo de crescimento, transformação e engajamento na obra de Deus.

Portanto, a Igreja como uma comunidade de pessoas seladas pelo Espírito Santo é um testemunho poderoso da graça e do poder de Deus. Através desse selo, a Igreja é capacitada a ser um reflexo do amor de Deus, um agente de reconciliação e transformação no mundo.

Este selo não apenas une os crentes em uma comunidade global, mas também os prepara para a vida eterna, assegurando-os de seu lugar na família de Deus e em seu eterno reino.

O Batismo de Cristo e do Espírito

A dinâmica do batismo no contexto da formação e da vida da Igreja é multifacetada e profundamente espiritual, envolvendo tanto o batismo de Cristo quanto o batismo do Espírito Santo.

No Pentecostes, Pedro, ao exortar os ouvintes a se arrependerem, também prometeu o dom do Espírito Santo (Atos 2:38). Esta promessa revela duas dimensões essenciais do batismo na experiência cristã: o batismo com o Espírito Santo e com fogo por Cristo e o batismo no Corpo de Cristo pelo Espírito Santo.

O batismo com o Espírito Santo e com fogo, referido por Pedro e anteriormente anunciado por João Batista (Mateus 3:11), representa um batismo de capacitação.

Este batismo, que Jesus prometeu aos discípulos antes de Sua ascensão (Atos 1:4), equipa os crentes com poder do alto, habilitando-os para o testemunho e o serviço no Reino de Deus.

Este poder não é meramente humano; é uma capacitação sobrenatural que transforma os crentes em testemunhas eficazes de Cristo, dando-lhes a habilidade de proclamar o Evangelho com ousadia e realizar obras em nome de Jesus.

Por outro lado, o batismo no Corpo de Cristo pelo Espírito Santo, como Paulo descreve em 1 Coríntios 12:13, é um batismo de iniciação. Este batismo marca a entrada do crente na Igreja, a comunidade dos salvos.

É um ato que simboliza a limpeza do pecado, a morte para o velho modo de vida e o renascimento em uma nova vida em Cristo. Este batismo não é apenas uma experiência individual; é também um ato comunitário que une todos os crentes em um só corpo, independente de sua origem étnica, social ou cultural.

Ambos os batismos, o de Cristo com o Espírito Santo e o do Espírito no Corpo de Cristo, são fundamentais para a identidade e missão da Igreja.

Enquanto o batismo de Cristo com o Espírito Santo capacita os crentes para a missão, o batismo no Corpo de Cristo pelo Espírito Santo os une como uma comunidade de fé.

Juntos, estes batismos refletem a rica e complexa natureza da experiência cristã e o papel da Igreja como agente de Deus para a salvação e transformação do mundo.

Essa dupla dimensão do batismo enfatiza a obra integral de Deus na vida dos crentes e na Igreja. Por um lado, os crentes são capacitados individualmente para cumprir seus papéis únicos no Reino de Deus; por outro, são unidos como membros de um só corpo, a Igreja, onde cada um tem um papel vital a desempenhar.

Assim, o batismo de Cristo e do Espírito não é apenas um rito de passagem; é um processo contínuo de transformação e integração na vida da Igreja.

Conclusão

Ao longo desta lição, exploramos a fascinante jornada da Igreja, desde sua concepção na mente divina até sua manifestação concreta como a comunidade dos salvos.

A Igreja, como revelado, não é uma invenção humana, mas uma instituição fundada e estabelecida por Jesus Cristo, tendo suas raízes no eterno plano de Deus.

Ela emergiu após eventos cruciais: a morte e ressurreição de Cristo e a subsequente infusão dos cristãos no Corpo de Cristo pelo Espírito Santo.

Essa perspectiva nos lembra que a Igreja está fundamentada não em ideias ou princípios humanos, mas em Cristo, sua cabeça e fundador.

Este entendimento eleva o significado de ser parte da Igreja, destacando-a como um privilégio imenso e uma responsabilidade sagrada.

Como membros do Corpo de Cristo, os cristãos são chamados a viver e a testemunhar de acordo com os valores e ensinamentos de seu fundador, refletindo o amor, a graça e a verdade de Deus em suas vidas e comunidades.

Portanto, a história da Igreja não é apenas uma narrativa histórica ou religiosa; é uma história de redenção e de esperança, de um Deus que deseja estabelecer uma relação profunda e duradoura com a humanidade.

Ao fazer parte da Igreja, os crentes são convidados a participar ativamente deste plano divino, contribuindo para a missão contínua de Deus no mundo e vivenciando a alegria e a paz que vêm de uma comunhão íntima com Cristo.

A Igreja, portanto, permanece como um testemunho do poder transformador de Deus e um farol de esperança para um mundo necessitado.

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