Lição 01 – Avivamento Espiritual

Lição 01 – Avivamento Espiritual

Hoje, mais do que nunca, a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo precisa de um avivamento espiritual. No Brasil e em várias partes do mundo, tem-se a impressão de uma “frente fria” passando por muitas igrejas.

A assim chamada igreja histórica, que se originou com a Reforma Protestante no século 16, geralmente nunca buscou o reavivamento do poder de Deus por meio do Espírito Santo. A Reforma foi um notável movimento impulsionado por Deus para abalar os alicerces das igrejas consideradas cristãs, que haviam se adaptado ao formalismo religioso.

De maneira peculiar, o Senhor até levantou homens e mulheres na Igreja Católica para facilitar uma grande mudança na estrutura religiosa daquela Igreja, que professa o cristianismo, mas se afastou da ortodoxia do Novo Testamento.

As igrejas que surgiram da Reforma tornaram-se formalistas e acadêmicas porque ignoraram ou esqueceram a maravilhosa obra do Espírito Santo. As proposições básicas da Reforma foram expressas em latim para indicar o corolário de suas crenças.

Essas afirmações são conhecidas como sola fide, sola gratia, solus Christus, sola scriptura e soli Deo Gloria. Vê-se que tal declaração de fé glorifica o Pai, o Filho, a Palavra, a Fé e a Graça, mas os reformadores se esqueceram de um “Sola” tão importante quanto os outros. Esqueceram-se do Solus Spiritus!

Isso não quer dizer que eles não conheciam o Espírito Santo, mas sim que eles se esqueceram de contemplá-lo e apreciá-lo entre as reivindicações da fé dos reformadores.

O resultado dessa negligência do valor, necessidade e importância do Espírito Santo para a Igreja do Senhor Jesus foi que, por cerca de duzentos anos ou mais, a Igreja que adotou os princípios da Reforma foi dominada por esse formalismo, misturado com acadêmicos teológicos, tornou-se formalista e impotente.

Discussões teológicas causaram grande agitação na compreensão da Palavra de Deus por parte dos reformadores. A divisão e fragmentação da igreja levaram a profundas diferenças no ambiente da igreja pós-Reforma na Europa e no mundo.

Esse formalismo se estende por séculos e persiste até hoje, criando apatia ou indiferença em muitas denominações.

O que é Avivamento Espiritual

Quando Moody chegou à Inglaterra, provavelmente não fazia ideia do que o Senhor planejava fazer naquelas ilhas. No entanto, o trabalho dos primeiros dias foi suficiente e agora entendo que estava sendo usado para liderar um dos maiores avivamentos da história da igreja cristã.

Se tomarmos emprestadas as figuras encarnadas pelo reverendo Boanerges Ribeiro, dizemos que a colheita naquela parte da Europa já está a arder e começa a perder a força do avivamento anterior.

Vamos voltar no tempo e perguntar a Moody: “O que é avivamento?”

Viva-o intensamente, e o evangelista norte-americano nos responderia que é o mover do Espírito Santo. É o movimento do Espírito Santo, não há dúvida. A dificuldade, porém, é como definir atos tão poderosos do Espírito Santo, muitos dos quais são os ventos aos quais o Senhor se refere.

O vento faz o que quer; ouvimos sua voz; mas não sabemos de onde veio, nem para onde foi. Já que a pergunta se recusa a ser suprimida, vamos encontrar uma definição.

Definindo o Avivamento

Não quero discutir aqui qual termo é mais correto: avivamento ou reavivamento? Embora difiram em etimologia, a história da igreja cristã os torna sinônimos. Hoje, os dois termos são usados ​​quase indistintamente.

Como avivamento se tornou um termo mais comum no campo evangélico luso-brasileiro, nós o escolhemos.

O reavivamento pode ser definido como um retorno aos princípios característicos da igreja original. Esta é a única diretriz para retornar à Bíblia como nossa crença e prática. É um retorno à oração, a mais bela expressão do sacerdócio universal do cristianismo.

É a experiência real do retorno a Cristo sem a qual o corpo místico do Senhor não existiria. Este é o retorno da Grande Comissão, cujo lema permanece: “…até os confins da terra…” Em suma, a Restauração é o reaparecimento da Igreja como instituição preeminente do Reino de Deus.

De acordo com Arthur Wallis, o avivamento é uma intervenção divina no curso normal das questões espirituais:

É o Senhor desnudando o seu braço e operando com extraordinário poder sobre santos e pecadores.

Depois de reviver tantas igrejas moribundas, Charles Finney pôde afirmar que o reavivamento é um novo começo em obediência a Deus. Onde procuramos outras definições? Em Lutero? Wesley? Ou, quem sabe, os puritanos que tentaram basear sua fé em experiências cada vez mais vívidas?

Infelizmente, não podemos esquecer os céticos. Eles não estudaram o avivamento como um todo, mas apenas como “um movimento dentro da tradição cristã que enfatiza o apelo da religião às emoções e à natureza emocional do indivíduo”. não! O reavivamento não é apenas sobre emoções.

Não é só o ímpeto emocional que nos abala hoje, nem a euforia que amanhã desaparecerá como num passe de mágica. Fiquemos longe das manifestações mais barulhentas, que não são seu objetivo principal, como enfatizaria Ernest Baker:

O avivamento pode fazer barulho, mas não é disso que é feito.

Se ficássemos aqui procurando outras definições, nos veríamos compelidos a escrever uma enorme antologia do que os defensores do evangelho dizem e afirmam. No entanto, seguindo o conselho de Horatius Bonar, vamos nos mobilizar para proclamar a operação do Espírito Santo. Primeiro, vamos ver quais são seus objetivos reais.

A pré-condição para o avivamento.

Há uma situação ruim Deus disse a Salomão: “Se eu fechar os céus para que não chova, ou ordenar aos gafanhotos que destruam a terra, ou se espalhar uma praga entre o meu povo” (2 Crônicas 7:13). Esses eventos trágicos sempre significam avivamento.

Aconteceu, perturbou Israel por causa do pecado e desobediência aos mandamentos de Deus Jeová. Do ponto de vista espiritual, situações catastróficas causam caos humano, moral e físico, afetando todos os aspectos da vida de um povo, nação ou igreja. Isso geralmente é um pré-requisito para o avivamento.

Se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva. Ao processar livremente as fontes de informação disponíveis, o cronista omite alguns detalhes, mas acrescenta outros voluntariamente. Esses três versículos representam sua adição à seção diante de nós.

Talvez o cronista tenha inserido alguma tradição antiga. Nesse caso, ele não inventou os versos, mas simplesmente incluiu alguns dados de fontes que o autor dos livros de Reis não tinha ou não queria usar.

Entre as armas que Javé tinha à sua disposição para punir um povo pecador estavam as perturbações da natureza. Uma população agrícola que vivia em uma terra cercada por desertos dependia completamente da chuva.

Os tempos modernos mudaram pouco nessa relação. Mesmo nossos extensos sistemas de irrigação dependem da chuva, mas eles fornecem água da chuva em maior quantidade.

Visto que se acreditava que Yahweh controlava as condições atmosféricas por meio de intervenção direta, também se acreditava que o pecado faria com que Yahweh não chovesse. Novamente, o arrependimento pode reverter o processo. A praga é outra arma sagrada contra o mal, e a antiga e familiar praga dos gafanhotos representa outra ameaça terrível.

As condições para o avivamento espiritual

O avivamento não acontece “de qualquer maneira”, nem é qualquer movimento de avivalista promovido por missionários, mensageiros ou representantes de igrejas ou de grupos ditos espirituais.

Ninguém, por mais santo que seja, não pode produzir avivamento espiritual. O avivamento vem do alto, do céu, e é produzido por Deus por meio do Seu Espírito Santo. Charles Finney (1792-1875) disse sobre isso:

O avivamento é o uso correto dos meios adequados. Os meios que Deus prescreveu […] produzem avivamento.

Caso contrário, Deus não os teria ordenado. Quais são esses meios? São as condições indispensáveis ​​oferecidas por aqueles que buscam o avivamento segundo os princípios de Deus. Não tem nada a ver com tecnologia ou métodos, muito menos com estratégias humanas.

A promessa na conclusão do Templo construído por Salomão em Jerusalém em 1004 AC está registrada em 2 Crônicas como uma referência ou requisito para essas condições (2 Cr 7.14).

Observe Elias enquanto ele ouve as ameaças de Jezabel (1 Reis 19:1-21); Elias foge para o deserto, pede a morte, entra em uma caverna, tudo depois de desafiar e matar 400 profetas de Asera e 450 de Baal e matá-los.

Exausto emocionalmente, Elias entrou em ação, sentiu-se assustado e inquieto e, em um momento crítico, decidiu ir para o deserto.

Depois que Javé respondeu com fogo, o povo disse: só o Senhor é Deus.

O carcereiro que espancava Paulo e Silas, vendo o terremoto e todas as correntes abertas, pegou uma espada para se matar, mas Paulo, clamando em alta voz, disse-lhe: Não se machuque, estamos todos aqui (At 4:27-28); isso é seguido pela salvação do carcereiro e sua família.

Humilhação diante de Deus.

Nesta passagem vemos alguns aspectos importantes que antecedem o avivamento espiritual.

Humilhação diante de Deus Diante de uma condição espiritual decadente, um estado de apatia e estupor mental, exige soluções eficazes, e a humilhação de si mesmo é a primeira condição do avivamento: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome se humilhar […]

Deus é supremo, altíssimo, onipotente, onisciente, onipresente. São atributos absolutos ou inalteráveis ​​de seu ser. Diante de sua grande majestade, todos os seres do universo, céu e terra, tanto anjos como humanos devem ajoelhar-se a seus pés e adorá-lo.

Quando tornou a trazer o seu primogênito ao mundo, disse: Que todos os anjos de Deus o adorem” (Hebreus 1:6; Salmo 149:1,2). Na terra, todos são exortados a se prostrarem diante do Deus Todo-Poderoso (Salmo 99:5).

Sempre que Israel se humilha e obedece ao Senhor, e é quebrantado em Sua misericórdia, o Senhor o abençoa, restaura e concede vitória, trazendo Avivamento a Seu povo. Este pré-requisito não é apenas um requisito para Israel, mas um requisito para todo seu povo.

É um pré-requisito hoje para todas as igrejas que sentem a necessidade de avivamento e querem vê-lo acontecer nestes dias tão agitados, como o apóstolo Paulo predisse (2 Tim. 3.1).

Orar e Buscar a face do Senhor

A oração é a forma mais comum de as pessoas se comunicarem com Deus.

Nunca pode haver avivamento sem oração. Se para Israel a oração era a forma como as pessoas eram humilhadas e quebrantadas diante de Deus, podiam recorrer a ele, e pedir sua bênção e perdão pela crise espiritual e moral que afligia seu povo.

Imagine hoje, quando a maioria das pessoas professa que os cristãs não valorizam uma vida de oração e preferem gastar seu precioso tempo com coisas supérfluas como diversão, redes sociais, que além de não valerem nada para a vida cristã, são armadilhas que os afastam de Deus. A Bíblia diz:

remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5.16) e “Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo” (Cl 4.5).

É difícil para muitas igrejas ter avivamento nos dias de hoje.

A maioria dos crentes, mesmo os pentecostais, não gosta de orar. O culto está cheio para festas, eventos e celebrações especiais, mas os serviços de oração são muito menos frequentes – com raras exceções, é claro.

Sem dúvida, podemos dizer que esta é uma das razões mais fortes pelas quais Deus não tem enviado avivamento aos corações da igreja evangélica.

No item anterior, vimos que a oração é parte integrante do avivamento. Neste terceiro caso, a estrutura gramatical da frase é diferente. Isso é algo mais profundo. A oração é simplesmente dizer o que você quer de Deus com sua boca.

Porém, buscar a face do Senhor revela uma atitude mais profunda. O suplicante, além de orar, está mais tentando conseguir o que deseja. Portanto, o avivamento requer oração e uma busca mais intensa pela presença de Deus.

Conversão sincera dos pecados

Como dissemos acima, o avivamento é enviado por Deus, e há um pré-requisito para isso, ou seja, a existência de uma situação indesejável, uma realidade que mostra falta de comunhão com Deus, distanciamento dele, desobediência a ele, como aconteceu repetidas vezes com os eleitos – isso aconteceu ao longo da história, em muitas igrejas em todos os lugares.

O Avivamento, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, sempre precedeu a decadência, um estado espiritual de pecado e até mesmo um insulto ao Senhor. Para ter avivamento espiritual, as pessoas devem perceber que suas vidas estão erradas e aceitar a obediência à Palavra de Deus:

E te darei os tesouros das escuridades e as riquezas encobertas, para que possas saber que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome (Is 45.3).

Uma vez que percebemos nossa necessidade, precisamos fazer algo a respeito.

A confissão do pecado leva ao arrependimento. Não haverá reavivamento a menos que confessemos nosso pecado, nos afastemos de nossos maus caminhos e nos rendamos à misericórdia de Deus:

Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá (Sl 66.18).

O reavivamento é necessário quando uma pessoa ou grupo de pessoas se afastou da vontade de Deus e é dominado pelas “obras da carne” (veja Gálatas 5.19-21).

O povo da aliança deveria abandonar seus maus caminhos (7:14b). A devoção a Deus deveria ser manifestada em uma mudança de vida. O cronista repetidamente se referiu ao conceito de arrependimento, ou seja, “afastar-se” do pecado e ir para Deus.

Um caminho preparado

Quando uma nação se descuida de cumprir a vontade de Deus e passa a viver na pecaminosidade, na corrupção e, sobretudo, na idolatria, ela é percebida por Ele como uma nação doente, acometida por doenças espirituais, que necessita de tratamento e cura.

E a cura só vem quando todos cumprem as condições que Deus tem para curar, por meio de Sua misericórdia e amor. Quando as pessoas atendem aos requisitos de Deus, além de ouvir suas orações e perdoar seus pecados, o Senhor também cura sua terra, ou seja, remove os efeitos da “doença” espiritual e promove a “cura” completa da nação, começando por seus líderes.

Essa referência na Bíblia diz respeito aos israelitas, mas pode se aplicar em todos os aspectos ao povo de Deus, à sua Igreja, que se identifica como todos os crentes unidos e reunidos na Igreja de Cristo.

Em alguns casos, os desvios espirituais, morais e doutrinários foram tão grandes que igrejas inteiras ficaram doentes espiritualmente. A cura de Deus é a mesma. Ele só cura crentes, pastores e ministérios em casos de arrependimento sincero e confissão de pecado.

A necessidade de um avivamento espiritual

Ageu foi um profeta pós-exílio, contemporâneo de Esdras e Zacarias. A situação espiritual no reino do sul baseado em Judá não era nada boa. Por causa da desobediência de sua nação ao Senhor, os profetas alertaram sobre sua destruição e até predisseram a misericórdia do Senhor (Am 2.5; 3.6; Is 6.11; 8.7).

Devido à falta de temor de Deus, as pessoas continuaram a ignorar as amorosas advertências do Senhor. O resultado não poderia ser outro, pois o Senhor zela por sua Palavra para cumpri-la (Jeremias 1:12).

As pessoas desprezavam a eleição de Deus e os privilégios que esta escolha trazia, e eram derrotadas após cada desafio a Deus, e experimentavam dois grandes cativeiros: Judá, o reino do sul, experimentou o cativeiro babilônico em 609 AC, quando o Templo foi saqueado, e, em 587 aC, houve nova deportação para aquele reino, e o Templo e a cidade de Jerusalém foram destruídos.

O Templo em Jerusalém não era apenas um santuário de culto e adoração a Deus, o Senhor. Era o centro espiritual, moral e social da nação.

Não há outro lugar para sacrificar. Quando foi construído e inaugurado de forma muito solene em 1004 aC, Deus através da oração de Salomão (2 Cr 6.1-3) operou um grande avivamento entre o povo.

O Senhor fez uma grande promessa a Salomão se o povo “se humilhasse, [orasse], [buscasse] a sua face, [se desviasse] dos seus maus caminhos” (2 Crônicas 7:14).

Porque o povo desobedeceu à palavra do Senhor, houve julgamento no céu, o povo foi levado ao cativeiro e o templo foi destruído: “Um terço do povo morreu de fome e pestilência, e outro terço foi morto pela espada. ( Ez 5.12; ver também 24.1, 2; Jer 38.17-19; 39.1; 52.4;)”.

Deus reclamou da negligência do povo, a condição espiritual do povo era tão baixa que não sentiam falta de um lugar de reunião para adorar o Senhor Deus (ver Ag 1.2,7,8,9).

Conclusão

É sempre a vontade de Deus reacender a chama apagada quando o povo de Deus se encontra em um lugar de indiferença espiritual. Ele usará as crises para isso, se necessário, e usará diferentes circunstâncias para conduzir seu povo ao deserto para falar aos seus corações (Os 2.14).

Seu pedido, porém, é que seu povo se humilhe, busque sua face e se converta de seus maus caminhos. Então o reavivamento espiritual virá em breve.

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