[LIÇÃO 01] – A AUTORIDADE DA BÍBLIA

[LIÇÃO  01]  – A AUTORIDADE DA BÍBLIA

A autoridade da Bíblia fundamenta-se em seu autor: Deus. Portanto, a Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Assim sendo, a autoridade dela depende total e exclusivamente do Altíssimo e não dos homens.

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

Em 18 de abril de 1521, Martinho Lutero foi transportado para o local do primeiro parlamento imperial em Worms, Alemanha. A assembleia estava lotada, o número de pessoas ocupando os corredores, janelas e escadas era de cinco mil.

Nesta ocasião, Lutero foi chamado a revogar seus escritos, e sua resposta a essa multidão ficou na história como uma expressão de convicção e fé na autoridade das Escrituras:

Minha consciência está atrelada à palavra de Deus. Enquanto não me tiverem convencido pelas Sagradas Escrituras, não posso, nem quero retratar-me de coisa alguma, pois é perigoso agir contra a consciência. Não posso falar de outro modo. Eis-me aqui. Que Deus me ajude! Amém.

SAUSSURE, A. de. Lutero – o grande Reformador. Rio de Janeiro: Vida,2003, p.73.

Desta declaração surgiu o núcleo de um dos princípios teológicos essenciais da Reforma Protestante: a “Sola Scriptura”. Para Lutero, o significado dessa expressão latina era literal, ou seja, apenas a Escritura – e não a Escritura adicionada à tradição da Igreja.

Portanto, sua autoridade depende do Altíssimo, não dos homens. Assim, além da Bíblia, a Igreja não tem fonte infalível de autoridade.

I – A ORIGEM DA BÍBLIA E A REVELAÇÃO DIVINA

1. A origem da Bíblia.

um resumo a respeito do que a Bíblia alega sobre si mesma pode ser encontrado em duas passagens principais

Norman Geisler

Esta referência envolve dois textos bíblicos escritos pelos famosos apóstolos Pedro e Paulo (2 Pedro 1: 20,21; 2 Timóteo 3:16). Essa descoberta é importante porque se acredita que o ministério desses apóstolos está cheio do poder de Deus (Atos 5: 14-16; 19: 11,12), o que é verdade tanto entre judeus quanto entre gentios (Gl 2. 7-9).

Em 2 Pedro 1: 20-21, o apóstolo enfatizou que as escrituras sagradas não se originam do homem, mas do próprio Deus.

Nesta passagem, Pedro atribui a origem da revelação à ação do Espírito de Deus. O comentário sobre a aplicação pessoal indica que tal declaração de Pedro significa que “As Escrituras não eram de origem humana, nem foram interpretadas pelos próprios profetas quando transmitiram as preciosas mensagens.”

Nesta passagem, Pedro atribui a origem da revelação à obra do Espírito de Deus. O comentário de aplicação pessoal aponta que a afirmação de Pedro significa que “a Bíblia não se origina do homem, nem é interpretada pelo próprio profeta ao transmitir informações preciosas”.

Isso significa que não se trata de uma questão de opinião ou fruto do desejo humano. Em seguida, o apóstolo esclareceu que os autores da Bíblia eram santos e transmitiram a vontade de Deus para nós por meio da inspiração do Espírito Santo.

Por sua vez, o apóstolo Paulo confirmou que a mensagem bíblica vem de Deus: “Toda a Bíblia é inspirada por Deus” (2 Tim. 3: 16a, ARA). Aqueles que se opõem ao texto de Pedro referem-se apenas ao Antigo Testamento. No texto de Paulo, “tudo” da Bíblia aqui é provado ser inspirado, incluindo o Novo Testamento.

Além dessas duas citações, temos outras referências bíblicas nas quais os apóstolos confirmaram que a Bíblia foi escrita pelo homem sob a revelação e supervisão de Deus (ver 1 Cor 2.13,14; 1 Cor 14.37).

2. Revelação Geral.

Nesse ponto, vale ressaltar que “Deus é infinito e o homem é finito. Para que o homem conheça a Deus, esse conhecimento deve ser inspirado pelo próprio Deus”. A palavra revelação significa “descobrir e expor”.

Desta forma, o conhecimento de Deus é o conhecimento revelado pelo próprio Deus. Sob esse entendimento, o estudo da autorrevelação de Deus à humanidade pode ser dividido em duas formas:

  1. A Revelação geral.
  2. A Revelação Especial.

A revelação geral é aquela em que Deus se fez conhecido em todos os lugares de três maneiras:

A) Na História. A Bíblia mostra que Deus se revela na história por meio de sua soberania. A soberania divina não deve ser entendida como “propriedade divina, mas derivada do privilégio supremo e perfeito”. Em outras palavras, a soberania é um direito sagrado porque ele é o criador, poderoso, santo, eterno e imutável.

Mostra que o Senhor exerce domínio completo sobre todas as criaturas. Isso significa que tudo pertence a Deus e ele pode fazer o que quiser sem se justificar a alguém (1 Crônicas 29:11; Sl 115.3; Dan 4:35).

Ele controla o curso dos eventos, abole e estabelece o governo, nada está além de sua vontade (mas 2.21; 4.25; Romanos 11.22).

B) No Universo. A Bíblia também mostra que Deus se revelou no universo por meio de seu poder (Isaías 40:26; 45:18), Sua Majestade (Am 4:13) e Sua soberania (Salmo 89: 11-13).

O primeiro versículo da Bíblia afirma: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1: 1). O uso do verbo hebraico “bara” (criar) mostra que “do nada” (latim ex-nihilo), Deus criou todos os fenômenos físicos.

A teologia sistemática pentecostal observa que “no Antigo Testamento, ‘os céus e a terra’ abrangem a totalidade de um ‘universo ordenado e harmonioso’. Não há nada que não tenha sido criado por Deus. ” Portanto, Deus se revela todo-poderoso, maravilhoso e soberano nas coisas criadas: céu, terra, mar e tudo o que neles há (Sl 19: 1-4; At 14: 15-17; Rm 1: 18-21).

C) No Ser Humano. No entanto, as Escrituras mostram que Deus é revelado na criação do homem. A Bíblia diz que a raça humana foi criada à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1: 26-27).

Com relação a este tópico, o Beacon Bible Commentary destaca três aspectos do homem criado à imagem de Deus:

  1. um ser espiritual apto para a imortalidade (Gn 1.26);
  2. um ser moral que tem a semelhança de Deus (Gn 1.27);
  3. um ser intelectual com a capacidade da razão e de governo (Gn 1.26c,28-30).

Entre essas três características, embora a natureza moral da humanidade seja insuficiente devido ao pecado, ela revela o caráter moral de Deus (Efésios 4:24; Colossenses 3:10). Nesse ponto, Paulo falou sobre a lei escrita no coração das pessoas, que as acusa ou as defende diante de Deus por meio do pensamento e da consciência (Romanos 2.11-16).

3. Revelação Especial.

É um complemento à revelação que Deus criou para si mesmo na história, no universo e na criação da humanidade (Romanos 10: 11-17; Hebreus 1: 1-3). A revelação especial é necessária porque o relacionamento entre o homem e Deus foi afetado desde o momento em que ele caiu no Jardim do Éden.

O pecado original de Adão foi passado para todos (Romanos 5:12).

abrangência deste pecado […] não é peculiar aos nossos primeiros pais, mas é comum a toda a raça humana e a toda sua posteridade.

Jacó Armínio

Por isso, não basta ao homem saber ou conhecer algo sobre Deus; é necessário restaurar a comunhão com o Senhor. Porém, se, por um lado, Deus se dá a conhecer na revelação geral, por outro, também condena a culpa humana por rejeitar o conhecimento de Deus (Rm 1,18-21).

Portanto, a fim de reconciliar os seres humanos com Deus, a revelação especial fornece a salvação para os pecadores perdidos (Colossenses 1: 9-14).

Nesse sentido, reconhecemos a palavra viva Jesus Cristo e a revelação especial na Bíblia (João 1.1; 5.39).

Cremos que a encarnação do Senhor Jesus é absolutamente necessária para o Redentor, as duas disposições estão inseparavelmente unidas para completar a obra da salvação.

Confirmamos que a Bíblia é a única revelação escrita dada à humanidade pelo Espírito Santo. É por meio da revelação da Bíblia que podemos conhecer a Cristo (João 20:31).

É uma revelação que chegou até nós através da tradição religiosa hebreu-cristã que representa a esperança messiânica e culmina no serviço ao logos encarnado (ver Hebreus 1: 2).

Nesta revelação especial, o poder redentor de Cristo opera por meio de sua missão em três dimensões: na terra, no mundo subterrâneo e no céu.

A característica desta revelação cristã é que ela enfatiza decisivamente a ideia de redimir os eleitos.

II – EVIDÊNCIAS DA AUTENTICIDADE DA BÍBLIA

   1.   Evidências Internas

A palavra autenticidade vem da palavra grega “authentês”, que significa “verdadeiro”. Quando aplicado à Bíblia, o termo indica a autoridade e credibilidade da Bíblia. Isso significa que todos os livros que constituem o cânone da Bíblia são verdadeiros.

Desta forma, a Bíblia se prova (2 Timóteo 3:16). O suporte para essa autenticidade é dividido em “evidências internas” e “evidências externas”. Entre as evidências internas que examinam o conteúdo da Bíblia, as mais proeminentes são:

Unidade e consistência

Por cerca de 1.600 anos, a Bíblia foi escrita em duas línguas principais (hebraico e grego) e um dialeto (aramaico).

Seus autores somam cerca de quarenta pessoas, vêm de diferentes classes sociais, vivem em lugares e ambientes diferentes e discutiram centenas de assuntos diferentes.

O texto é escrito em vários estilos literários, como história, profecia, poemas, alegorias etc.

Apesar desses significados, o conteúdo da Bíblia é consistente e seus escritos são harmonizados para formar um todo sem qualquer contradição (Salmo 18:30; 33: 4).

No entanto, apesar das evidências conclusivas, o liberalismo teológico rejeita esses argumentos e despreza a unidade da Bíblia.

Os críticos argumentam que os autores da Bíblia sabiam o que foi deixado pelos autores anteriores e, portanto, estavam preocupados em não os contradizer. Livros que se coordenam com o todo.

Mesmo que o autor tenha conhecimento prévio de todos os livros, a Bíblia ainda tem uma unidade que transcende as habilidades humanas.

Ação do Espírito Santo

Ao ler a Bíblia, pode-se ouvir a voz de Deus como uma espada, “penetrando na divisão da alma e do espírito” (Hebreus 4:12). Como os discípulos no caminho de Emaús, a pessoa que recebe a mensagem da Palavra Santa experimentará a chama do Espírito Santo ardendo em seu coração e compreenderá o plano de salvação (Lucas 24: 31,32).

Nossa Declaração de Fé ensina que “o Espírito Santo regenera, purifica e santifica homens e mulheres, e convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16:7, 8)”

O apóstolo João disse que escreveu para convencer seus leitores do Filho de Deus e da vida eterna (João 20:31; 1 João 5:13). João também registra que o Consolador, o Espírito da verdade, vindo do Pai, é aquele que dá testemunho de Cristo, o Filho de Deus (João 15:26).

Desta forma, o Espírito Santo testifica que a Bíblia é a Palavra de Deus e que o Cristo revelado nela é o Filho de Deus.

Profecias de eventos futuros

A exatidão da profecia cumprida prova a veracidade da Bíblia. Sua profecia foi pronunciada com clareza e precisão séculos antes do evento.

Por exemplo, a Bíblia nomeando o rei Ciro e o que ele faria cento e cinquenta anos antes de seu nascimento (Isaías 45:1) registra cerca de trezentas profecias sobre os séculos antes de Cristo nascer, e cada uma delas se cumpriu com precisão.

Críticos e incrédulos sugerem que, conhecendo as profecias, Jesus agiu conscientemente para cumprir as palavras preditas. No entanto, é humanamente impossível.

Isso requer a participação de um número considerável de pessoas (reis, astrólogos, governadores, padres, soldados) que estão dispostos a manipular os acontecimentos e manter esses arranjos em segredo. Sem mencionar todas as pessoas que participaram de incontáveis ​​milagres.

Para a realização concreta dessas profecias, a única explicação possível é eterna, onisciente, onipotente e suprema, revelando a seu servo o que está para acontecer (Amós 3.7).

2. Evidências externas

Evidência externa é entendida como evidência de que eventos narrados na Bíblia também são corroborados por outras fontes históricas.

Às vezes, essas provas são identificadas e combinadas com a noção de inerrância, de que a Bíblia não contém erros. Nessa direção, os registros da história da nação, bem como as descobertas arqueológicas e as suposições científicas, mostram a autenticidade da Palavra de Deus.

Por exemplo, é possível citar cerca de 25.000 manuscritos bíblicos feitos antes do advento da imprensa no século 15, que atestam a suficiência dos textos sagrados.

Portanto, é certo que nenhum escrito antigo – Platão, Aristóteles, escritos hindus, história chinesa e outros – foi tão identificado e habilitada como bíblico. E, apesar de alguma controvérsia, continua sendo o livro mais traduzido e lido da história (veja Marcos 13:31).

III – A MENSAGEM DA BÍBLIA

1 A Supremacia da Bíblia.

Como vimos, o latim Sola Scriptura indica que somente a Bíblia é a autoridade absoluta e final na crença e na prática. Nossa Declaração de Fé declara que a Bíblia fornece “o conhecimento necessário e indispensável para nossa comunhão com nosso Pai Celestial e nossos semelhantes.

Portanto, não precisamos de uma nova revelação extraordinária ou supostamente canônica para nossa salvação e nosso crescimento espiritual”.

Isso confirma que a Bíblia é a fonte última de autoridade. Em uma obra intitulada “Sobre os cativos babilônicos da Igreja”, Lutero, ao questionar os métodos de dogma e perdão praticados pelo catolicismo, escreveu:

Contendemos pela firmeza e pureza da fé e das Escrituras […]

Lutero

Porque devemos fazer a distinção mais clara entre o que Deus nos deu no texto sagrado e o que as pessoas inventaram na igreja, não importa quão notável seja sua santidade ou aprendizado.

O reformador holandês Jacó Armínio (1560-1609) também defendeu a supremacia da Bíblia:

Elas merecem obediência, pela credibilidade conferida a elas, quando ordena ou proíbe alguma coisa […] A autoridade de qualquer palavra ou texto depende de seu autor […] Deus é de infalível veracidade […] Ele é o autor das Escrituras, a autoridade delas depende total e exclusivamente dEle.

Jacó Armínio (1560-1609)

A partir desta perspectiva, Arminius acreditava que a perfeição das Escrituras foi retirada e minada como “a inspiração perfeita dada aos profetas e apóstolos que administram as Escrituras foi rejeitada, e a necessidade e surgimento frequente de novas revelações após esses santos terem declarado abertamente.”

Armínio afirma que todos os ensinamentos necessários para a salvação nos foram dados pela Bíblia, e que nenhuma tradição humana pode acrescentar ou remover nada (Apocalipse 22:18,19).

2 O poder da Palavra de Deus

Seu poder é como um fogo que queima e purifica, e como um martelo para quebrar uma rocha (Jr 23:29). A natureza do fogo e do martelo mostra que nada pode impedir o cumprimento da Palavra de Deus (Isaías 55:11; Jer 5:14).

Seu poder também pode destruir a fortaleza espiritual que se opõe ao conhecimento divino (2 Cor 10: 4,5). A palavra de Deus tem o poder de penetrar profundamente no coração como uma espada de dois gumes e julgar os pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12).

Quando tentado no deserto, o próprio Cristo derrotou Satanás pelo poder da Palavra. Ele superou o conselho do diabo citando a Bíblia (Mt 4:4,7,10).

Além disso, nossa declaração de fé enfatiza que “a Bíblia revela seu poder inconfundivelmente. Quando ela se chama “a espada do Espírito Santo, que é a palavra de Deus” (Efésios 6:17), ela usa uma parábola para demonstrar essa força.

Assim, usando linguagem de um contexto militar romano, Paulo exorta os cristãos a tomarem a “espada do Espírito Santo” conhecida como “palavra de Deus”.

No entanto, a Bíblia continua sendo o livro mais impresso, traduzido e lido com mais frequência no mundo. Suas palavras são únicas na mente de inúmeras pessoas.

Para os crentes, a Bíblia é a Palavra de Deus, dada de forma objetiva através dos profetas e apóstolos revelados por Deus, e o Espírito Santo é aquele que transmite fé através da Palavra de Deus.

3 O propósito da Bíblia

Nossa Declaração de Fé ensina: “A Bíblia é a mensagem clara, objetiva, inteligível, completa e amorosa de Deus, cujo propósito principal é conduzir-nos à redenção em Jesus Cristo mediante a persuasão do Espírito Santo” (João 16: 8; 1 Jo 1.1-4).

Tudo o que Deus tem e requer do homem, e tudo o que o homem precisa saber espiritualmente de Deus sobre sua salvação, conduta cristã e felicidade eterna, é revelado na Bíblia.

Tudo o que se precisa fazer é pegar o livro e segurá-lo pela fé. O autor da Bíblia é Deus, o verdadeiro intérprete é o Espírito Santo, e o tema central é o Senhor Jesus Cristo.

Nessa perspectiva, reconhecemos em ambas as alianças a existência de uma história de salvação com o propósito de devolver o homem a Deus. Eles também revelam o código moral da sociedade.

Enfatize que a mensagem bíblica e seu propósito não são relativistas porque seus valores são absolutos e portadores da autoridade divina (Ap. 22.18, 19). Nesse entendimento, a Bíblia se consolida como revelação de Deus e Sua vontade para a humanidade.

Portanto, o compromisso inegociável da Igreja deve ser fiel e difundir a palavra de Deus para a salvação e libertação dos pecadores (1Tm 1.15).

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