Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás
Salmo 50
Muitas pessoas estão familiarizadas com este versículo popular do Salmo 50, mas vale a pena considerar seu contexto na Bíblia. O tema central do Salmo 50 é a verdadeira adoração a Deus, louvor justo ao Senhor, louvor que O agrada.
A verdadeira adoração na Criação conforme o Salmo 50
A verdadeira adoração começa com a criação: “O Todo-Poderoso, o Senhor Deus, fala e chama a terra do oriente ao ocidente” (Salmo 50:1). O verdadeiro propósito da criação é louvar a Deus. Isto é o que o Salmo 19:1 nos diz: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.”
A verdadeira adoração revela a grandeza e a glória de Deus
Desde Sião, excelência de formosura, resplandece Deus. Vem o nosso Deus e não guarda silêncio; perante ele arde um fogo devorador, ao seu redor esbraveja grande tormenta
Salmo 50:2,3
A verdadeira adoração sempre contém e expressa a grandeza e a glória de Deus. Isso pode ser visto no contexto de Deus se manifestando diretamente ao homem na forma de uma manifestação divina.
Quando o Senhor encontrou Moisés, lemos: “Moisés escondeu o rosto, porque não ousou olhar para Deus” (Êxodo 3:6). Isaías clamou: “Ai de mim! Perdi o meu caminho! Porque sou um homem de lábios impuros, e vivo no meio de um povo de lábios impuros, e vi o Rei, o Senhor dos Exércitos, com meus próprios olhos!” (Isaías 6:5).
Elias “cobriu o rosto com um manto” (1 Reis 19:13). Paulo caiu por terra, “e, tremendo, disse: Senhor, que queres que eu faça?” (Atos 9.6, revisado e corrigido por Almeida).
Assim, vemos que a verdadeira adoração é sempre dirigida a Deus, o que cria um medo legítimo em seus adoradores de seu modo de vida santo e santificado.
A adoração falsa
Como lemos no Salmo 50, foi a falta de um viver correto entre Seu povo que fez com que o Senhor lamentasse profundamente e pronunciasse o julgamento:
Intima os céus lá em cima e a terra, para julgar o seu povo. ‘Congregai os meus santos, os que comigo fizeram aliança por meio de sacrifícios’. Os céus anunciam a sua justiça, porque é o próprio Deus que julga.
Deus usou o céu e a terra como testemunhas para lembrar seu povo de sua aliança com eles, mas foi obrigado a julgar Israel. É uma acusação de rituais externos e vazios, uma acusação de adoração sem conteúdo. Aplicando-o aos nossos dias, Deus lamenta o cristianismo sem Cristo!
Escuta, povo meu, e eu falarei; ó Israel, e eu testemunharei contra ti. Eu sou Deus, o teu Deus. Não te repreendo pelos teus sacrifícios, nem pelos teus holocaustos continuamente perante mim. De tua casa não aceitarei novilhos, nem bodes, dos teus apriscos. Pois são meus todos os animais do bosque e as alimárias aos milhares sobre as montanhas. Conheço todas as aves dos montes, e são meus todos os animais que pululam no campo. Se eu tivesse fome, não to diria, pois o mundo é meu e quanto nele se contém. Acaso, como eu carne de touros? Ou bebo sangue de cabritos?
Salmo 50:7-13
Deus está se voltando contra a única forma externa de adoração, contra adoração sem conteúdo bíblico. Hoje, em muitas igrejas, a adoração se tornou um espetáculo, um ativismo piedoso sem relação com o próprio Senhor.
Em Israel, no momento da redação do Salmo 50, aconteceu a mesma coisa, e essa realidade é revelada por Isaías em sua lamentação:
O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu.
Isaías 29.13
Adoração verdadeira é uma questão do coração
Neste formalismo de adoração ao Senhor, ele apela ao seu povo: “Ofereça sacrifícios de ação de graças a Deus, e cumpra o seu juramento ao Altíssimo” (v. 14).
Entregue-se a Deus! Sim, a maravilhosa e conhecida promessa do Salmo 50 repousará sobre aqueles que adoram a Deus: “Invoca-me no dia da angústia; eu te salvarei, e tu me glorificarás”.
Uma falsa concepção de Deus
Deus condena a trágica rebelião de Seu povo:
Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? Se vês um ladrão, tu te comprazes nele e aos adúlteros te associas. Soltas a boca para o mal, e a tua língua trama enganos. Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe
Salmo 50:16-20
Nós trazemos Deus para o mesmo nível que nós. Muitos cristãos têm uma resposta pronta quando são aconselhados sobre seus erros: “Acho que estou certo, acho que não há problema nisso”.
Eles, assim como Israel costumava ser. Mas Deus não pode ouvi-los! Eles não levam em conta que Deus limitou suas promessas a certos requisitos.
Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te argüirei e porei tudo à tua vista
Salmo 50:21
Chamamos a nós mesmos de cristãos, embora tenhamos fabricado um Deus que não combina com o Deus da Bíblia, um Deus que reflete nossa própria imaginação e nossos desejos pessoais.
Portanto, não devemos nos surpreender quando Deus está em silêncio! A causa não está nele; está em nós.
Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos despedace, sem haver quem vos livre
Salmo 50:22
Apesar de toda atividade religiosa, Israel se esqueceu de Deus. Talvez nos esqueçamos dele com muita frequência. Por isso, ele fica em silêncio. Portanto, não podemos ouvir Sua voz.
A verdadeira adoração está alinhada com a Palavra de Deus
O Salmo 50 também nos oferece uma solução para o problema do silêncio divino. Isso pode ser encontrado na compreensão do que é a verdadeira adoração a Deus, um retorno ao que é descrito no versículo 23:
O que me oferece sacrifício de ações de graças, esse me glorificará; e ao que prepara o seu caminho, dar-lhe-ei que veja a salvação de Deus.
Salmo 50:23
A ação de graças que agrada a Deus começa quando as verdades reveladas em Sua Palavra guiam nosso caminho e quando começamos a viver biblicamente. A verdadeira adoração diz: “Pai, não é minha, mas a tua vontade.
Agradeço-te de qualquer forma que me conduzes. Muito obrigado, mesmo que não saiba como me conduzes, os teus pensamentos são sobre os meus pensamentos pacíficos. Obrigado por me guiar e garantir que eu chegue lá.”
Três princípios da verdadeira adoração
Mateus 8:1-8 exemplifica orações que agradam ao Senhor. Esses versículos se referem a dois milagres da graça de Deus:
Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra
Mateus 8:1-3
endo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado.
Mateus 8:5-8
Aqui encontramos os três princípios da oração legítima. A fé declara: “Senhor, você pode!” O temor de Deus é complementado por: “Se você quiser”. E a humildade acrescenta: “Não sou digno!”
A verdadeira adoração diz “sim” aos caminhos de Deus
Ao buscarmos o Senhor, nunca se esqueça de que não importa como o Senhor responda a nós, o nome do Senhor deve ser exaltado acima de tudo. Sabemos muito bem que o Senhor ainda faz milagres hoje.
Mas Deus nem sempre responde nossas orações da maneira que queremos. Essa situação é descrita em Atos 12. Tanto Tiago (vv.1-2) quanto Pedro (vv.3ss.) estão na prisão.
Os irmãos oraram intensamente por eles. Ambos sabiam que estavam sob a proteção e amparo do Senhor. A um deles, Tiago, Deus disse:
Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21).
Tiago foi decapitado. Ao outro, Pedro, foi dada a tarefa: “Entra na vinha, porque as colheitas estão maduras!” Pedro saiu milagrosamente da prisão e entrou no campo do mestre para trabalhar. Ambas as possibilidades são o caminho de Deus! Sempre concordamos quando Deus nos conduz de qualquer forma?
Deus ouve a adoração verdadeira
Deus quer que oremos. Ele quer responder às nossas orações. Mas requer obediência à sua palavra e um modo de vida santo. Sabendo que ele vai ouvir e responder, podemos deixar a decisão da resposta para ele, confiantes de que ele sempre estará certo, não importa a solução que ele ofereça.
A este respeito, Deus disse: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11).