A Doutrina bíblica do pecado afirma que, com a Queda no Jardim do Éden, o coração humano foi irremediavelmente inclinado para o erro, um padrão que persiste até os dias de hoje.
A única esperança de redenção reside na regeneração – um processo de transformação divina exclusivamente disponível através do sacrifício de Cristo (Tt 3.5,6).
A realidade sombria do pecado humano e a necessidade de redenção é um tema central do cristianismo.
Entretanto, em tempos mais recentes, vemos uma diluição preocupante desta doutrina fundamental.
Influenciada pelas correntes de pensamento contemporâneas, a compreensão tradicional do pecado tem sido alterada, diluída e, em alguns casos, completamente descartada.
Este movimento trouxe uma aceitação casual e perigosa do pecado em muitas comunidades autodenominadas cristãs, distorcendo os princípios centrais da fé.
Nesta lição, nosso objetivo é analisar o impacto dessas tendências modernas sobre a ortodoxia cristã.
Analisaremos como essas novas interpretações se afastam dos ensinamentos bíblicos fundamentais e do perigo que representam para a integridade do cristianismo.
Entenderemos como a doutrina bíblica do pecado está sendo redefinida, quais são as implicações desta redefinição e como podemos resistir a essas influências.
Portanto, é crucial que sejamos firmes na defesa da verdade da doutrina do pecado conforme ensinada na Bíblia.
Não devemos permitir que teologias modernas enfraqueçam essa doutrina, comprometendo a essência do cristianismo.
O que você vai aprender nesse post:
O Ensino Bíblico da Natureza Pecaminosa
É um tema fundamental na compreensão da doutrina bíblica do pecado. Esta doutrina declara que a natureza humana, desde a queda no Jardim do Éden, é inerentemente pecaminosa, uma verdade essencial que permeia todos os ensinamentos das Escrituras Sagradas.
Esta natureza pecaminosa é inescapável, um estado intrínseco que marca cada indivíduo desde o nascimento. É uma doutrina que instiga reflexões profundas sobre nossa humanidade e a necessidade constante de buscarmos a redenção através de Cristo.
Definição de Pecado
A definição de pecado nas Sagradas Escrituras é uma questão que demanda a nossa atenção. A palavra “pecado”, do hebraico chatá, tem suas raízes no conceito de errar o alvo (Gn 4.7), enquanto o correspondente grego, hamartia, possui uma conotação de erro moral (2 Pe 2.13,14).
Na sua essência, o pecado é entendido como a transgressão da Lei de Deus (1 Jo 3.4), não se limitando a simplesmente errar o alvo, mas também a acertar deliberadamente um alvo errado.
Esta compreensão do pecado vai além de uma falha ou erro, é uma expressão de rebelião e desobediência contra Deus e Sua Palavra (1 Sm 15.22,23).
O pecado é uma escolha consciente que distorce a vontade de Deus e vai contra os princípios da vida que Ele estabeleceu para nós.
Não é apenas um ato isolado, mas um estado constante que desvia a humanidade do propósito original de Deus.
O pecado tem efeitos devastadores que vão além da separação entre o homem e Deus. Ele faz com que os seres humanos pequem uns contra os outros (1 Jo 1.6,7), perpetuando um ciclo de transgressões e danos.
Este não é apenas um problema de ação, mas também de omissão, pois o pecado também se manifesta quando nos abstemos de fazer o bem que sabemos que deveríamos fazer (Tg 4.17).
Este estado pecaminoso é a condição da humanidade não regenerada, um estado de corrupção e decadência espiritual que não pode ser alterado por meio de esforços humanos.
Só pode ser expelido através do Novo Nascimento (Jo 3.3-7), um processo divino que restaura a humanidade ao seu estado original perante Deus.
A reconciliação do homem com Deus, a superação desta natureza pecaminosa, só é possível através de Cristo Jesus (2 Co 5.19). Ele é o único meio através do qual podemos ser libertos do poder do pecado e ser restaurados à comunhão com Deus.
A doutrina bíblica do pecado enfatiza a necessidade da obra redentora de Cristo para vencer esta condição pecaminosa inerente.
Compreender a profundidade do conceito de pecado é fundamental para apreciar a magnitude da obra redentora de Cristo e o valor da regeneração que ele oferece.
Reforça a seriedade do pecado, a urgência da redenção e a importância do compromisso com a santidade na vida cristã.
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A universalidade do pecado
É uma realidade que permeia a existência humana desde os primeiros dias da criação. A humanidade foi originalmente criada em um estado de inocência e perfeição (Ec 7.29), com o dom do livre-arbítrio concedido por Deus (Gn 2.16,17).
No entanto, a decisão de Adão de desobedecer a Deus levou à Queda, um evento que corrompeu irrevogavelmente a natureza humana (Gn 3.9-19).
Este evento cataclísmico não se limitou a Adão e Eva – o pecado de Adão foi transmitido a toda a raça humana (Rm 5.12). Desde então, todo ser humano nasce em pecado (Sl 51.5).
Esta é uma afirmação chocante que se opõe a muitas das suposições contemporâneas sobre a natureza humana. O pecado não é simplesmente uma questão de escolhas erradas influenciadas por maus exemplos.
É uma parte inerente e inseparável da condição humana, profundamente enraizada em nossa natureza (Rm 7.14-24).
Como resultado, todos os seres humanos se encontram sob a escravidão do pecado e condenados à morte (Rm 3.23; 6.23).
É uma realidade sombria e desesperadora, mas é precisamente nesta situação que a mensagem do Evangelho brilha mais intensamente.
Embora a natureza humana esteja corrompida pelo pecado, há esperança para a regeneração eficaz através da fé em Cristo (Rm 3.24; 2 Co 5.17).
A universalidade do pecado ilustra a extensão da necessidade humana de salvação. Ressalta a profundidade do amor e misericórdia de Deus em oferecer redenção a uma humanidade caída.
Reafirma a importância da obra redentora de Cristo e a necessidade de aceitá-la para escapar do jugo do pecado.
A corrupção total
É uma doutrina fundamental na compreensão da natureza do pecado e suas implicações para a humanidade.
Esta doutrina ensina que a natureza humana, em todas as suas dimensões – mental, moral e espiritual – está totalmente corrompida pelo pecado (Rm 3.10-18).
Essa corrupção é tão profunda e abrangente que inclina o coração humano a escolher consistentemente o errado sobre o certo (Gn 6.5; Rm 5.19).
A Queda não deixou nenhum aspecto da humanidade intocado; todas as áreas de nosso ser foram irrevogavelmente manchadas.
Este estado de corrupção total é uma barreira insuperável para a humanidade, impedindo qualquer tentativa humana de iniciar o processo de regeneração por conta própria (Rm 8.7,8).
É um estado de cegueira espiritual e de escravidão que não pode ser superado sem a intervenção divina.
Este convencimento e chamado para a libertação do pecado vem do Espírito Santo (Jo 16.8).
É somente através da obra convicta do Espírito que o homem pode ser levado a reconhecer seu estado pecaminoso, despertar para a necessidade de salvação e ser impulsionado em direção à fé em Cristo (Tt 3.5). O papel do Espírito neste processo de convicção e regeneração é essencial.
Isso implica que o livre-arbítrio, corrompido e deformado pelo pecado, precisa ser divinamente restaurado (Rm 2.4).
Somente quando Deus intervém para restaurar esta capacidade livre e intocada é que a pessoa pode exercer a fé genuína, se arrepender de seus pecados e aceitar a salvação oferecida em Cristo (Rm 3.24,25).
Portanto, a libertação do pecado não é fruto de esforço humano, nem uma conquista meritória. É uma dádiva graciosa oferecida por Deus (Rm 6.23; Ef 2.8,9).
Esta verdade serve como um humilde lembrete da incapacidade humana para se salvar e da maravilhosa graça de Deus que oferece salvação a uma humanidade caída.
As Teologias Modernas
representam uma variedade de interpretações e perspectivas sobre a doutrina bíblica do pecado e outros temas centrais do Cristianismo.
Enquanto algumas dessas teologias oferecem uma visão útil e esclarecedora das Escrituras, outras podem distorcer ou obscurecer a verdade bíblica.
As teologias modernas podem apresentar desafios para a fé cristã quando minimizam ou negam a realidade do pecado, ou propõem métodos humanos para alcançar a salvação.
É essencial que os crentes mantenham um sólido entendimento da doutrina bíblica do pecado para evitar serem desviados por interpretações errôneas ou enganosas.
Teologia do pecado social
A Teologia do Pecado Social surgiu no contexto dos concílios católicos de Medellín (1968, Colômbia) e Puebla (1979, México), e trouxe uma nova perspectiva sobre o pecado.
Segundo essa tese, o pecado é construído através de estruturas opressoras, como pobreza, injustiça e desigualdade.
Esta interpretação do pecado amplia seu escopo para além do individual e espiritual, incorporando aspectos sociais e estruturais.
Nesta perspectiva, a redenção do pecado não se limita à esfera espiritual. Em vez disso, propõe que as questões sociais e estruturais também devem ser abordadas.
O pecado, portanto, deixa de ser tratado exclusivamente no nível moral e passa a ser considerado no âmbito econômico e social.
Esta mudança de ênfase do pecado original, que está enraizado na natureza humana, para o pecado social, que é resultado de estruturas opressoras, tem implicações significativas.
Um dos perigos potenciais é que isso pode diminuir a responsabilidade moral do indivíduo pelo pecado.
Em vez de se concentrar na causa raiz do pecado, a ênfase é deslocada para os sintomas ou as manifestações externas do pecado (Mt 23.27,28).
Esta perspectiva sugere que a solução para o pecado reside em resolver os problemas da ordem social. Esta abordagem, no entanto, pode correr o risco de distorcer o ensino bíblico sobre o pecado.
Ao reduzir o pecado a questões sociais e estruturais, podemos negligenciar o aspecto pessoal e moral do pecado, bem como a necessidade de arrependimento e transformação espiritual.
A Teologia do Pecado Social traz à tona questões importantes sobre injustiça e desigualdade.
Contudo, é importante lembrar que, enquanto os cristãos são chamados a buscar justiça e amar o próximo, a solução para o pecado é fundamentalmente espiritual e não pode ser alcançada apenas através de reformas sociais ou econômicas.
Teologia da libertação
A Teologia da Libertação é uma vertente teológica que surgiu na América Latina na década de 1970, influenciada pelo pensamento socialista de Karl Marx.
Desenvolvida por teólogos como Gustavo Gutiérrez do Peru e Leonardo Boff do Brasil, a teologia da libertação busca “libertar” os oprimidos das estruturas opressoras da sociedade.
Contrariamente à teologia tradicional, que se centra nas doutrinas bíblicas e na libertação do pecado, a teologia da libertação coloca sua ênfase na indignação social e na busca pela libertação da injustiça social, econômica e cultural.
Esta teologia considera que a injustiça e a opressão são manifestações de pecado que precisam ser desafiadas e combatidas.
A teologia da libertação deu origem a uma série de teologias emancipatórias, incluindo teologias de gênero (como a teologia queer), de sexualidade (como a teologia gay) e de raça.
Essas teologias ampliaram o foco da libertação para incluir a libertação de formas específicas de opressão e injustiça.
Uma ramificação importante da teologia da libertação é a Teologia da Missão Integral (TMI), que combina a proclamação do Evangelho com ação social.
A TMI enfatiza a importância da igreja em se envolver em questões de justiça social, ecológica e econômica como parte integral de sua missão.
No entanto, uma das principais críticas à teologia da libertação é que ela pode reduzir a fé cristã a uma forma de militância política socialista e marxista.
Nesse cenário, as questões sociais e progressistas podem ser colocadas acima dos valores morais do Reino de Deus, distorcendo o foco do Evangelho.
Esta distorção pode transformar o Evangelho de uma mensagem de redenção espiritual em uma plataforma para inconformismo, criticismo e assistencialismo (1 Co 15.19; Fp 3.18-20).
O perigo aqui é que a centralidade de Cristo e a necessidade de transformação espiritual individual podem ser obscurecidas.
Embora a teologia da libertação traga questões sociais e econômicas críticas à luz, é crucial manter um equilíbrio entre o engajamento com questões de justiça social e o compromisso com a transformação espiritual e moral que é central para o Evangelho.
Liberalismo teológico
O liberalismo teológico é uma abordagem da teologia que emergiu no período pós-Reforma Protestante e que coloca a razão acima da revelação divina.
Ao contrário das tradições teológicas mais conservadoras, o liberalismo teológico valoriza a experiência humana, a razão e a ciência, e interpreta a Escritura através dessas lentes.
Uma das marcas distintivas do liberalismo teológico é o questionamento da inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras. Sob esta abordagem, a Bíblia é vista mais como um produto da experiência religiosa humana do que como uma revelação direta de Deus.
Os milagres e outros elementos sobrenaturais das Escrituras são muitas vezes interpretados como expressões simbólicas ou mitológicas da verdade divina, em vez de eventos históricos literais.
Além disso, o liberalismo teológico frequentemente busca reinterpretar e ressignificar as doutrinas da fé.
Em vez de aderir estritamente às interpretações tradicionais, o liberalismo teológico encoraja um exame crítico e uma reinterpretação das doutrinas à luz do conhecimento contemporâneo e da experiência humana.
Dentro desta perspectiva, a mensagem da salvação não é restrita à arrependimento, confissão de pecados e mudança de caráter. Ao invés disso, o liberalismo teológico pode enfatizar uma visão mais progressista da transformação social inspirada no paradigma do marxismo.
Como resultado, a noção de pecado pode ser relativizada ou reinterpretada, e um espírito de ecumenismo religioso e aceitação de uma variedade de experiências espirituais é muitas vezes promovido.
O ideário da teologia liberal é muitas vezes visto como uma oposição às antigas doutrinas bíblicas que se fundamentam na revelação das Escrituras (2 Tm 4.3).
No entanto, o liberalismo teológico tem sido objeto de críticas significativas de muitos dentro da comunidade cristã.
Os críticos argumentam que o liberalismo teológico corre o risco de diluir as doutrinas centrais da fé cristã e de minimizar a importância do ensino bíblico, comprometendo a autenticidade do cristianismo.
Por fim, é crucial ponderar o valor das contribuições do liberalismo teológico, bem como suas limitações.
Embora possa abrir caminho para novas formas de entender e viver a fé cristã, deve-se ter cuidado para não perder de vista as verdades centrais do Evangelho.
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A normalização do pecado
Em um mundo cada vez mais caracterizado por uma mistura de relativismo moral e progressismo, nos encontramos diante de um fenômeno preocupante: a normalização do pecado.
Esta tendência refere-se à crescente aceitação social de comportamentos e atitudes que, de acordo com a doutrina bíblica do pecado, são claramente considerados pecaminosos.
Este processo é emblemático da maneira como a sociedade está modificando suas percepções culturais de moralidade e aceitabilidade, desafiando diretamente as verdades fundamentais do Cristianismo.
A doutrina bíblica do pecado destaca a necessidade de arrependimento e transformação, no entanto, a normalização do pecado sugere um afastamento desse princípio.
A promoção desses comportamentos pecaminosos é frequentemente respaldada por interpretações teológicas modernas e progressistas que, em vez de condenar o pecado, tendem a reinterpretá-lo ou minimizá-lo.
Esta postura é perigosa porque diminui a responsabilidade moral do indivíduo, movendo o foco do pecado pessoal e moral para questões estruturais e sociais.
Vamos explorar mais profundamente essa questão, enfocando a crescente normalização do pecado e suas implicações para a fé cristã.
Crise ética e moral
A doutrina bíblica do pecado oferece um quadro claro de conduta moral e ética, direcionando os seguidores da fé cristã a agir de acordo com os princípios estabelecidos nas Escrituras.
Infelizmente, a sociedade contemporânea parece estar mergulhada em uma profunda crise ética e moral, na qual valores tradicionais e normas de conduta são desprezados ou deturpados.
Este fenômeno de decadência moral e ética é evidenciado em vários aspectos da vida cotidiana e é muitas vezes justificado por ideologias progressistas que promovem a relativização do pecado.
É imperativo entender que a ética, referindo-se ao conjunto de valores e princípios que regem a conduta de um indivíduo, e a moral, significando a prática desses princípios, são intrínsecos ao caráter cristão.
Portanto, a violação destes princípios e a falha em demonstrar retidão moral equivale a uma falha de caráter (2 Timóteo 3:5).
Estas falhas, impulsionadas pela desvirtuação do pecado, não apenas corrompem a conduta pessoal, mas também afetam a estrutura da sociedade.
Afinal, uma sociedade cujos membros adotam valores e práticas imorais a torna-se moralmente desajustada (Habacuque 1:4).
Hoje, assistimos a uma série de comportamentos antiéticos e imorais sendo normalizados, inclusive em círculos que se proclamam cristãos.
Entre os mais preocupantes estão a imoralidade sexual, o aborto e o uso de drogas ilícitas.
A imoralidade sexual, seja na forma de promiscuidade, adultério ou condutas homossexuais, é claramente condenada nas Escrituras (Romanos 1:27; 1 Coríntios 6:15).
Apesar disso, essas práticas estão se tornando cada vez mais comuns e aceitas em muitos segmentos da sociedade.
O aborto é outro tema alarmante. A vida, conforme expresso em 1 Samuel 2:6, é um dom sagrado de Deus e somente Ele tem autoridade para dá-la ou tirá-la.
No entanto, o aborto, que é a interrupção deliberada da vida humana no útero, está sendo legalizado e até mesmo celebrado em várias partes do mundo.
O uso de drogas ilícitas também é um tema preocupante. As Escrituras deixam claro que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19) e, portanto, devemos cuidar dele e respeitá-lo.
O uso de drogas, no entanto, prejudica o corpo e a mente, e é um ato de desrespeito à criação divina.
Nestes tempos difíceis, é mais crucial do que nunca para os cristãos permanecerem firmes em seus princípios e não serem influenciados por essas tendências alarmantes.
É importante relembrar e reafirmar a doutrina bíblica do pecado para evitar cair na armadilha da normalização do pecado.
Imoralidade sexual
A imoralidade sexual é uma das formas mais evidentes de pecado normalizado em nossa sociedade contemporânea.
À medida que os princípios bíblicos são abandonados, comportamentos sexualmente imorais são cada vez mais tolerados e até mesmo celebrados.
Essa aceitação é impulsionada por uma série de fatores, incluindo o desvio da doutrina do pecado, a erosão dos valores familiares e a promoção de uma cultura de luxúria e liberdade sexual desregrada.
Um dos argumentos centrais usados para justificar essa normalização é a ideia de que cada indivíduo tem o direito de tomar suas próprias decisões sobre seu corpo e sua sexualidade.
Esse argumento, embora pareça respeitar a autonomia pessoal, ignora a instrução bíblica clara de que os crentes devem se abster de atos sexuais imorais, incluindo sexo pré-marital e extraconjugal (Romanos 1:24).
Além disso, a homossexualidade, que é explicitamente mencionada nas Escrituras como pecaminosa (Romanos 1:26-27), é cada vez mais aceita e normalizada.
Além disso, a doutrina da castidade, que a Bíblia apoia como uma forma de manter a pureza moral e espiritual (1 Coríntios 7:1), é frequentemente vista como opressiva e arcaica.
Isso é exacerbado pela proliferação do ensino da ideologia de gênero, que confunde e distorce a compreensão das crianças sobre sua própria identidade sexual.
A erotização da infância, particularmente através da mídia e do entretenimento, também contribui para a disseminação da imoralidade sexual.
A família, como instituição, está sendo continuamente desconstruída e reinterpretada para se adequar a essas novas normas.
O modelo bíblico de família, baseado em um casamento entre um homem e uma mulher e em criar filhos em “a instrução e o conselho do Senhor” (Efésios 6:4), é frequentemente rejeitado em favor de novas definições que incluem uma variedade de arranjos familiares não tradicionais.
A tolerância e a aceitação do pecado sexual na sociedade também levaram a uma negligência da doutrina da santidade.
A Bíblia nos ensina que devemos nos esforçar pela santidade em todas as áreas de nossas vidas (Hebreus 12:14).
No entanto, em muitos círculos, o conceito de santidade sexual tem sido ignorado ou rejeitado.
A imoralidade sexual e sua normalização são um desafio significativo para os crentes hoje. Contudo, como seguidores de Cristo, somos chamados a resistir a essas tendências e a manter firmes nossos valores bíblicos.
Isso requer coragem, discernimento e uma compreensão clara do ensino bíblico sobre a sexualidade.
A dessacralização da vida
A dessacralização da vida, ou seja, a perda do reconhecimento da sacralidade inerente à vida humana, é uma das consequências mais perniciosas da normalização do pecado em nossa sociedade.
À medida que a visão bíblica do valor intrínseco e sagrado da vida humana é ignorada ou rejeitada, uma gama de comportamentos prejudiciais e pecaminosos são tolerados e até promovidos.
Um exemplo disso é a promoção do slogan “meu corpo, minhas regras“, que representa uma forma de autonomia incondicional e sem restrições éticas ou morais.
Esse tipo de pensamento justifica o uso de drogas, a prostituição, o aborto, o suicídio e a eutanásia.
Embora possa parecer uma afirmação de liberdade pessoal e autodeterminação, na realidade, essa perspectiva viola a santidade da vida como ensinada na Bíblia.
As Escrituras claramente ensinam que a vida humana é um dom de Deus e, portanto, é sagrada (Gênesis 1:27).
O corpo humano, em particular, é visto como o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19), que deve ser cuidado e preservado (Efésios 5:29).
Ao negar essas verdades e tratar o corpo humano como uma posse pessoal que pode ser usada e abusada à vontade, a humanidade se volta contra a vontade de seu Criador (Romanos 1:25).
O aborto, talvez um dos exemplos mais chocantes dessa dessacralização da vida, é justificado sob a bandeira do direito da mulher de escolher.
No entanto, a Bíblia ensina claramente que todas as vidas são preciosas aos olhos de Deus, incluindo as vidas não nascidas. A legalização e normalização do aborto representam uma rejeição direta dessa verdade bíblica.
O uso de drogas, a prostituição e o suicídio também são comportamentos que refletem uma visão degradada da sacralidade da vida.
Cada um desses atos causa danos ao corpo e à mente, além de ter consequências espirituais negativas.
A eutanásia, que é a prática de terminar intencionalmente a vida para aliviar a dor ou o sofrimento, também é uma rejeição da santidade da vida.
Embora seja apresentada como uma opção misericordiosa para aqueles que estão sofrendo, a eutanásia ignora a soberania de Deus sobre a vida e a morte.
A normalização desses comportamentos é uma consequência trágica do deslize moral e espiritual em nossa sociedade.
No entanto, como cristãos, somos chamados a defender a santidade da vida e a rejeitar qualquer ideologia ou comportamento que a degrade ou a desrespeite.
Conclusão
A conclusão que podemos tirar desta reflexão é que a doutrina do pecado, quando compreendida e aplicada corretamente, oferece uma visão equilibrada e holística do que significa ser humano e como devemos viver de acordo com a vontade de Deus.
O pecado não é apenas um problema pessoal, mas um mal que afeta todas as áreas da vida, incluindo nossas relações sociais, econômicas e políticas.
Ao mesmo tempo, a solução para o pecado não se restringe à transformação social ou política, mas requer uma mudança profunda no coração humano.
A fé cristã nos ensina que, embora estejamos todos contaminados pelo pecado, também temos a capacidade de ser regenerados e transformados pela fé em Cristo.
Esta regeneração não só nos liberta da escravidão do pecado e da morte, mas também nos capacita a viver de maneira justa e amorosa em relação ao próximo.
Esta é a verdadeira vocação da Igreja: ser uma comunidade de pessoas redimidas que testemunham a graça de Deus através de suas palavras e ações.
Por isso, a Igreja não deve ser apolítica ou insensível às injustiças sociais. Em vez disso, deve ser uma força para a justiça, a paz e a reconciliação em um mundo quebrado e pecador.
Isto não significa que a Igreja deve adotar uma agenda política ou social específica, mas que deve se esforçar para refletir os valores do Reino de Deus em todas as áreas da vida.
Ao mesmo tempo, a Igreja não deve se deixar enganar pelas ideologias e filosofias contemporâneas que distorcem ou negam a realidade do pecado.
Isto inclui as teologias modernas que reduzem o pecado a um problema social ou político, ignorando seu aspecto pessoal e espiritual.
Da mesma forma, a Igreja deve resistir à normalização do pecado em nossa cultura, que resulta na perda de valores morais e éticos.
Finalmente, a Igreja deve sempre se lembrar que sua missão principal é proclamar a boa nova de Jesus Cristo, que veio para salvar a humanidade do pecado e da morte.
Esta missão deve ser realizada com amor, humildade e coragem, confiando que, no final, o amor de Deus triunfará sobre todas as formas de maldade e injustiça.
Assim, em meio a todas as complexidades e desafios da vida neste mundo pecador, a Igreja deve manter-se firme na verdade de Deus, sempre pronta para combater o bom combate da fé.
Nesta luta, a Igreja não está sozinha, mas é fortalecida e guiada pelo Espírito Santo, que a capacita a resistir ao mal e a promover a justiça, a paz e o amor de Deus.