Lição 6 – O Filho é Igual com o Pai

Lição 6 – O Filho é Igual com o Pai

Ao longo da minha caminhada cristã, sempre me deparei com debates sobre quem realmente é Jesus. Alguns dizem que Ele foi apenas um grande mestre, outros o consideram um profeta, mas a Bíblia nos revela algo muito mais profundo. Jesus não é apenas alguém enviado por Deus; Ele é Deus.

Você já refletiu sobre o que significa Jesus ser chamado de “Filho de Deus”? No pensamento moderno, “filho” pode parecer indicar apenas uma relação de descendência ou subordinação, mas no contexto bíblico, especialmente dentro da cultura judaica, essa expressão traz um significado muito mais rico.

Ser “Filho” significa compartilhar da mesma essência e natureza do Pai.

Foi exatamente essa afirmação que escandalizou os líderes religiosos da época de Jesus. Quando Ele declarou: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5.17), não estava apenas reivindicando uma missão divina.

Ele estava afirmando sua igualdade com Deus. E os fariseus entenderam isso muito bem, pois imediatamente quiseram matá-lo, acusando-o de blasfêmia.

Essa verdade continua sendo desafiada até hoje. Algumas doutrinas tentam diminuir a divindade de Cristo, tratando-o como um ser criado ou inferior ao Pai. Mas será que essa visão realmente se sustenta diante das Escrituras?

Neste estudo, quero te levar a uma reflexão mais profunda sobre essa questão. Vamos explorar juntos o que a Bíblia ensina sobre a relação entre Deus Pai e o Filho Unigênito, confrontar os argumentos daqueles que negam essa verdade e identificar como essas ideias ainda estão presentes no mundo atual.

Prepare seu coração e sua mente. O que vamos estudar pode transformar sua visão sobre quem Jesus realmente é.

I. A Doutrina Bíblica da Relação do Filho com o Pai

1. O Conceito de Filho na Bíblia

Desde os tempos antigos, o conceito de filho no contexto judaico carrega um significado profundo. Diferente do pensamento moderno, onde a ideia de filiação pode sugerir subordinação ou dependência, na cultura bíblica, ser filho é compartilhar da mesma natureza do pai.

Tal verdade pode ser vista no ensino das Escrituras. O Salmo 8.4, por exemplo, apresenta um paralelismo poético:

Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?

Aqui, “homem mortal” e “filho do homem” são expressões sinônimas, indicando que um filho tem a mesma essência do pai. Isso também pode ser observado nas palavras de Jesus em Mateus 23.31:

Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.

Os escribas e fariseus se viam como descendentes daqueles que rejeitaram os profetas, e Jesus usou essa relação para demonstrar que o que define um filho não é apenas a genealogia, mas a identidade compartilhada com o pai.

Agora pense: se, na cultura judaica, ser filho significa possuir a mesma natureza do pai, o que isso nos ensina sobre Cristo?

Leia também: Lição 5 – Jesus é Deus: Uma Verdade Inquestionável

2. O Significado Teológico

A Bíblia não deixa dúvidas de que Jesus é chamado Filho de Deus porque Ele é Deus. Não se trata de uma adoção ou de uma criação posterior, mas de uma verdade essencial à Sua identidade.

Jesus mesmo afirmou:

Eu saí e vim de Deus. (João 8.42)
Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai. (João 16.28)

Essas palavras revelam a Sua procedência divina. Ele não foi criado, nem surgiu em um momento da história. Ele sempre existiu, pois veio do próprio Pai.

Mas os líderes religiosos da época não estavam prontos para aceitar essa verdade. Quando Jesus declarou:

Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (João 5.17)

Os fariseus entenderam imediatamente o que Ele estava dizendo: Ele se fazia igual a Deus! O verso seguinte confirma essa interpretação:

“Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” (João 5.18)

É impossível ler esse texto e concluir que Jesus é menor do que o Pai. A própria reação dos judeus revela que entendiam exatamente o que Ele estava dizendo: Ele afirmava ser Deus!

3. O Filho é Deus

A divindade de Jesus não é uma questão de interpretação, mas de revelação clara nas Escrituras. Um dos textos mais impactantes sobre isso está em Hebreus 1.8, que cita o Salmo 45.6-7:

Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino.

Repare que o próprio Deus Pai chama o Filho de Deus. Essa é uma das declarações mais diretas e poderosas sobre a divindade de Cristo.

Outro ponto interessante é que esse salmo já causava debates entre os rabinos. Como pode Deus ungir Deus? A resposta vem na Epístola aos Hebreus: Deus Pai está falando com Deus Filho, reafirmando a unidade da Trindade.

Se analisarmos a totalidade das Escrituras, encontraremos incontáveis evidências de que o Filho não é inferior ao Pai, mas compartilha da mesma glória, essência e poder. Ele não foi criado, não é um ser subordinado, mas o próprio Deus encarnado.

Se há algo que essa verdade nos ensina, é que a nossa fé não está alicerçada em um homem comum. O Jesus que seguimos não é apenas um mestre ou um exemplo moral – Ele é Deus! E se Ele é Deus, toda a nossa vida deve se curvar diante Dele em adoração e obediência.

II. A Heresia do Subordinacionismo

1. O Papel de Orígenes

Ao longo da história da igreja, muitas doutrinas equivocadas surgiram na tentativa de explicar a relação entre o Pai e o Filho.

Uma das mais perigosas foi o Subordinacionismo, que afirma que Cristo é inferior ao Pai em essência e autoridade.

Essa ideia teve um dos seus principais precursores em Orígenes de Alexandria (185-254 d.C.), um dos primeiros teólogos cristãos.

Sua influência foi profunda, e seu pensamento dividiu estudiosos ao longo dos séculos. Embora Orígenes tenha defendido muitas verdades bíblicas, ele também introduziu conceitos que enfraqueceram a plena divindade do Filho.

Ele sugeriu que o Filho, embora divino, era subordinado ao Pai em natureza. Essa visão influenciou gerações e forneceu base para futuras heresias, como o Arianismo, que negava a eternidade de Cristo. No entanto, as Escrituras refutam essa ideia com clareza:

Eu e o Pai somos um. (João 10.30)

Essa afirmação de Jesus não deixa espaço para hierarquias de essência dentro da Trindade. O que Ele nos revela é a perfeita unidade entre Pai, Filho e Espírito Santo.

2. O Subordinacionismo no Período Pré-Niceno

Nos séculos II e III, o medo de comprometer o monoteísmo levou alguns teólogos a diminuir a divindade de Cristo. Eles argumentavam que, se há um único Deus, então Jesus não poderia ser igualmente divino.

Dessa forma, alguns começaram a ensinar que Jesus era um ser criado, exaltado pelo Pai, mas não coeterno com Ele. Os subordinacionistas usavam passagens isoladas, como João 14.28:

“O Pai é maior do que eu.”

O erro deles estava na falta de contexto. Jesus fez essa afirmação em relação à Sua condição humana e ao Seu papel na redenção, não para negar sua igualdade com o Pai.

Ao longo dos séculos, a igreja respondeu a essas ideias com base nas Escrituras. O Concílio de Niceia (325 d.C.) foi decisivo para reafirmar a divindade plena do Filho e condenar o Arianismo, que era uma forma extrema de subordinacionismo.

3. Métodos Usados pelos Subordinacionistas

Os defensores dessa heresia tinham (e ainda têm) um padrão de argumentação bastante previsível:

  • Destacam passagens que mostram a humanidade de Jesus, ignorando aquelas que confirmam sua divindade.
  • Desconsideram o contexto histórico e cultural dos textos bíblicos.
  • Negam a unidade da Trindade, criando hierarquias que diminuem a natureza divina do Filho.

Mas as Escrituras são claras:

Dele são os patriarcas, e de quem é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para sempre. Amém. (Romanos 9.5)

Aquele que veio ao mundo como homem não é menor do que o Pai – Ele é Deus bendito para sempre!

O Subordinacionismo pode parecer um debate teológico antigo, mas continua presente nos dias de hoje. No próximo tópico, veremos como essa heresia se manifesta em diferentes contextos modernos e por que ainda precisamos combatê-la.

III. Como o Subordinacionismo se Apresenta Hoje

1. No Contexto Islâmico

O Islamismo é uma das maiores religiões do mundo, mas sua visão sobre Jesus é radicalmente diferente do ensino bíblico.

No Alcorão, Jesus (ou Isa, como é chamado) é reconhecido como um profeta e até mesmo como o Messias, mas jamais como o Filho de Deus.

O maior problema está na forma como os muçulmanos interpretam essa expressão. Eles rejeitam a ideia de que Deus poderia ter um Filho porque entendem isso de maneira biológica e humana – como se os cristãos acreditassem que Deus gerou Jesus através de uma relação com Maria.

Isso, claro, é um mal-entendido profundo sobre a mensagem do Evangelho.

Mas o próprio Jesus declarou claramente sua origem:

Eu saí e vim de Deus. (João 8.42)

Ao rejeitarem essa verdade, os muçulmanos acabam promovendo uma forma de subordinacionismo extremo, negando a divindade de Cristo e reduzindo-o a um simples servo de Deus.

O curioso é que, enquanto o Islã nega a filiação divina de Jesus, os próprios demônios reconheciam quem Ele era:

Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? (Marcos 5.7)

Se até os espíritos malignos reconhecem a identidade divina de Cristo, por que tantos ainda resistem a essa verdade?

2. O Movimento das Testemunhas de Jeová

Outro grupo que nega a igualdade entre o Pai e o Filho são as Testemunhas de Jeová. Eles ensinam que Jesus é um ser criado, inferior ao Pai, e o identificam como Miguel, o arcanjo.

Essa visão é uma forma clara de subordinacionismo, pois coloca Cristo em um nível abaixo do Pai, negando sua eternidade e divindade absoluta.

Além disso, eles ensinam que há diferentes “níveis” de divindade, o que contradiz frontalmente a fé cristã:

Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. (1 Coríntios 8.6)

Se há apenas um Deus verdadeiro, como Jesus poderia ser apenas um “deus menor”?

As Testemunhas de Jeová evitam responder essa pergunta de forma direta, pois qualquer resposta as levaria a admitir que:

  1. Ou Jesus é um falso deus (o que é inaceitável);
  2. Ou Jesus é o Deus verdadeiro, o que confirmaria a Trindade.

Essa é uma verdade inegável: Cristo é Deus, coeterno e igual ao Pai. Negar isso é cair no erro do subordinacionismo e se afastar da fé cristã genuína.

Conclusão

O debate sobre a relação entre o Pai e o Filho não é apenas um assunto teológico distante, mas uma questão essencial para a fé cristã.

A Bíblia nos ensina que Jesus não é inferior ao Pai – Ele é da mesma substância, coeterno e plenamente Deus. Negar essa verdade leva a sérios erros doutrinários, como o Islamismo e as Testemunhas de Jeová, que reduzem a divindade de Cristo e distorcem sua identidade.

Como cristãos, devemos permanecer firmes naquilo que a Palavra de Deus revela:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (João 1.1)

Se Jesus é Deus, então Ele merece nossa total adoração, obediência e entrega. Afinal, não estamos servindo a um mestre comum, mas ao Rei dos Reis e Senhor dos Senhores!

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